Jesus pôs-se a caminhar com eles

Feliz e santa Páscoa a todos!

Após dois anos de pandemia e igrejas quase vazias, as celebrações da Páscoa foram bem participadas. Faziam falta as diversas manifestações da Semana Santa, e o povo participou com fé e alegria. Deus seja louvado!

Gosto especialmente do encontro de Jesus ressuscitado com os dois discípulos de Emaús. Os acontecimentos da paixão e morte de Jesus os haviam frustrado e desanimado, tanto que resolveram voltar à sua aldeia para retomar a vida que tiveram antes de conhecerem Jesus. Conversando sobre tudo o que se passou e como Jesus foi morto, eles recordavam os sonhos bonitos que tiveram, mas que, agora, se desfizeram.

Jesus, como se fosse um desconhecido, começa a caminhar com eles na mesma direção. Ouve com interesse suas angústias e os ajuda a entenderem melhor as Escrituras. Eles ouvem com gosto, e seu coração começa novamente a arder. Chegando em Emaús, convidam Jesus a entrar, “pois já é tarde e o dia está declinando” (Lc 24,29). Seu coração já se abrira e, agora, abrem a porta para partilhar a hospitalidade com o desconhecido. Jesus aceita e, sentado à mesa, faz o gesto da última ceia e reparte o pão com eles. Imediatamente, eles o reconhecem, mas Jesus desaparece da presença deles. Eles, então, na mesma hora, voltam correndo a Jerusalém para anunciar aos outros que Jesus está vivo e como o reconheceram (cf. Lc 24,13-33).

Não é esse o roteiro de um sínodo? Caminhavam sozinhos, frustrados e desanimados, sem perspectivas. Jesus começa a caminhar com eles; aceitam caminhar juntos. Falam, ouvem, partilham, discernem, buscam compreender os acontecimentos à luz da Palavra de Deus. É isso que o sínodo faz. Em nossos caminhos solitários e, talvez, individualistas, não conseguimos mais dar sentido ao que fazemos. Talvez, porque projetamos sonhos muito pessoais sobre a Igreja e sua missão, e esses sonhos acabam frustrados. É preciso unir-se, caminhar juntos, partilhar, discernir juntos à luz da Palavra de Deus e perceber o que o Espírito Santo diz à Igreja. Não prometeu Jesus que, onde dois ou mais se reúnem em seu nome, Ele está com eles? (cf.  Mt 18,20).

Nosso sínodo arquidiocesano é caminho feito juntos, onde os individualismos e protagonismos personalistas precisam se abrir à missão maior que Jesus confiou à Igreja. Discernindo juntos sobre o que vemos e ouvimos, podemos olhar na mesma direção, participar melhor da missão comum a todos e anunciar com renovado ardor que Ele está vivo também hoje e não deixa sua Igreja no abandono. Ele caminha conosco e faz nosso coração arder novamente pelo Evangelho e pela missão.

Queridos irmãos e irmãs da Arquidiocese de São Paulo: convido todos a acolhermos Jesus em nosso caminho sinodal; deixemo-nos orientar por Ele. Em cada Eucaristia, Ele se manifesta novamente a nós. Peço que todos acompanhem a assembleia sinodal arquidiocesana com sua fervorosa oração. E os convido a participarem da abertura da assembleia sinodal na Catedral da Sé, no dia 7 de maio, às 15h.

MENSAGEM DE PÁSCOA DO ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO PAULO

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