Juristas católicos conferem Prêmio Santo Ivo a Roberto Mortari Cardillo

Cardeal Scherer, ao lado de Luiz Gonzaga Bertelli, entrega o Prêmio Santo Ivo a Roberto Mortari Cardillo (foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

A União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp) realizou na segunda-feira, 24, a 7ª edição do Prêmio Santo Ivo, que, este ano, homenageou o advogado e ex-subprocurador da República Roberto Mortari Cardillo.

O evento aconteceu na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no Jardim Paulista, e contou com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, de Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo e Diretor Eclesiástico da Ujucasp, além dos demais diretores e membros da entidade.

Instituído em 2015, o Prêmio Santo Ivo homenageia personalidades da sociedade civil que tenham se destacado no empenho pelo serviço do bem comum, especialmente no campo da justiça, à luz dos ensinamentos cristãos.

O nome do prêmio recorda o santo padroeiro dos advogados e dos membros do Judiciário, que exerceu o sacerdócio e a advocacia, colocando seus conhecimentos em benefício das pessoas mais necessitadas, sendo conhecido como o “advogado dos pobres”.

Homenageado

Roberto Cardillo é formado em Direito pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista em Direito Civil e Comercial pela Universidade de São Paulo e em Direito Tributário pela PUC-SP, entre 1973 e 1994, exerceu o cargo de subprocurador da República. É autor de inúmeros artigos e pareceres publicados em revistas e boletins especializados no campo do Direito e das letras jurídicas.

O homenageado recebeu o prêmio das mãos de Dom Odilo e do presidente da Ujucasp, Luiz Gonzaga Bertelli. O reconhecimento é representado por uma estátua com a imagem do Santo Ivo, de autoria do artista plástico Claudio Pastro (morto em 2016) e por um diploma, que foi entregue pelo presidente emérito e fundador da entidade, o jurista Ives Gandra da Silva Martins.

Ao agradecer, Roberto Cardillo ressaltou que a homenagem é ocasião de ação de graças a Deus, compartilhada com seus familiares e amigos. “Se é certo que devemos ser gratos a Deus quando nos advêm um desencanto e dissabores, pois tudo concorre para o bem dos que amam a Deus, quanto mais devemos dar graças a Deus quando nos concede jubilosa alegria.”

O advogado recordou a carta apostólica Novo millennio ineunte, de São João Paulo II, que evoca o convite de Jesus a “avançar para águas mais profundas” (cf. Lc 5,4). “Aceitemos esse convite do Senhor, indo para águas mais profundas, com um novo impulso apostólico, remando, muitas vezes, a favor e, outras, contra a maré, até alcançarmos a meta final que é Deus. Isso por meio de um trabalho diuturno e constante, santificando cada momento, pois a labuta bem-feita, com dedicação e afinco, é caminho seguro e reto para a santidade”, afirmou.

Ao saudar o homenageado, o Cardeal Scherer manifestou seu desejo de que ocasiões como esta sejam incentivo aos advogados que iniciam a carreira para que façam de sua profissão um caminho de santidade, a exemplo de Santo Ivo. “Há muito o que lutar pela justiça, pela superação daquilo que fere o direito e a dignidade da pessoa em todos os sentidos.”

O Arcebispo recordou, ainda, que, no último dia 9, foi beatificado o jovem juiz Rosario Livatino, assassinado pela máfia italiana, por ódio à fé, em 1990, sendo chamado pelo Papa Francisco como “mártir da justiça e da fé”.

Ujucasp

Criada em 20 de março de 2012, a Ujucasp tem como objetivo contribuir para a atividade judiciária, legislativa e administrativa, ocupando-se das questões do mundo contemporâneo, sob a ótica dos princípios da ética católica. A União discute e coloca em foco os valores da família, da vida, da dignidade humana e o bem comum.

Participam da Ujucasp magistrados, membros do Ministério Público, advogados, bem como os bacharéis e estudantes de Direito convidados pelo Arcebispo e sediados em São Paulo.

Ao longo desses anos, a Ujucasp já publicou livros que reúnem artigos jurídicos sobre temas de interesse dos católicos, como “O Direito e a Família”, “Ideologia de Gênero”, “Imunidade das Instituições Religiosas”, “Inviolabilidade do Direito à Vida”, “Justiça e Economia” e o “Tratado Brasil-Santa Sé”.

Santo Ivo
Santo Ivo

Santo Ivo

Yves Helori de Kermartin, em português Ivo, nasceu na França em 17 de outubro de 1253 e morreu no dia 19 de maio de 1303. Aos 14 anos, foi para Paris e Orleans, onde se dedicou aos estudos de Teologia e Direito Canônico, tendo sido aluno de Santo Tomás de Aquino e São Boaventura.

Aluno extraordinário, formou-se e logo passou a atuar como advogado. Ficou conhecido pela defesa de pessoas sem recursos e, muitas vezes, atuava gratuitamente. Foi nomeado juiz e o autor do primeiro “Decálogo do Advogado”, considerado como um sintético tratado sobre a profissão.

Santo Ivo foi o primeiro a criar uma república de estudantes, protegendo-os, acolhendo-os; inicialmente compartilhando seus aposentos com compatriotas e, depois, com colegas de turma, para que estudassem, descansassem e se abrigassem do rigoroso inverno. Foi ele quem, sem ferir ou magoar, adotou os ideais de São Francisco de Assis no meio universitário pobre, abrigando, apoiando e auxiliando os estudantes.

Pioneiro

Ivo instituiu a primeira assistência judiciária gratuita de todo o mundo. Foi o responsável pela criação da conciliação como método de solução de conflitos e formou a primeira Ordem de Advogados. De família nobre, abandonou toda a sua riqueza em prol dos pobres, dos órfãos, dos menores desvalidos, das viúvas, dos estudantes, a quem protegia e ajudava de todas as maneiras.

“Santo Ivo foi sempre o extraordinário advogado e juiz na sua edificante passagem por este mundo. Advogado dos pobres, das viúvas e dos órfãos, em cuja defesa produzia notáveis trabalhos jurídicos. Julgava todos os tipos de litígios, menos os processos criminais. Jamais se negava a atender quem o buscava. Foi o primeiro a instituir, na Diocese, a justiça eclesiástica gratuita, para os que não podiam pagá-la”, ressaltou o atual presidente da Ujucasp, Luiz Gonzaga Bertelli.  

O padroeiro dos advogados morreu, aos 50 anos, em 19 de maio de 1303, por causas naturais, e foi sepultado na Catedral de Tréguier. Em 1347, foi canonizado pelo Papa Clemente VI.

Na data de sua memória litúrgica, em 19 de maio, foi celebrada uma missa na Paróquia Santo Ivo, na Região Episcopal Ipiranga, promovida pela Associação dos Advogados (AASP), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Caixa de Assistência (CAASP) e pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP).

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