Páscoa: ‘Olhemos para Aquele que ressuscitou e vive na eternidade’

Afirmou o Cardeal Scherer, na missa do domingo da Páscoa da Ressurreição, na cripta da Catedral da Sé

Arcebispo de São Paulo preside missa do Domingo da Páscoa na cripta da Catedral da Sé (foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

“Ele está no meio de nós! Esta é a nossa profissão de fé: o Senhor ressuscitou, não esta mais no túmulo, não está mais entre os mortos. Ele vive entre nós”. Com essa afirmação, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, iniciou a missa da Solenidade da Páscoa da Ressurreição, na manhã deste domingo, 4.

A Eucaristia foi celebrada na cripta da Catedral da Sé, sem a participação dos fiéis e transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais, em conformidade com as medidas adotadas na Arquidiocese de São Paulo para conter o avanço a pandemia de COVID-19, que vive a fase mais crítica, com número elevado de casos, mortes e ocupação dos leitos hospitalares.

O rito dessa celebração começa com a aspersão dos fiéis com água benta, em recordação do Batismo, cujas promessas foram renovadas na Vigília Pascal, celebrada  na noite do Sábado Santo, 3.

A liturgia do Domingo também é marcada pelo canto da Sequência Pascal, hino litúrgico que remonta o século XI, entoado logo após a segunda leitura, antes da aclamação ao Evangelho da ressurreição.

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Testemunho do apóstolos

Na homilia, Dom Odilo destacou que a Páscoa deste ano novamente é celebrada no contexto de “sofrimento, angústia, e confusão”. Recordando os relatos dos evangelhos sobre a ressurreição, o Cardeal convidou todos a imaginarem como foi a primeira Páscoa dos cristãos. “Certamente foram dias cercados por angústia, tristeza, incerteza e confusão, mas também por alegria. Enquanto isso, as primeiras manifestações de Jesus ressuscitado e a notícia logo espalhou”, disse.

“Essa história continua, não parou desde então. Há quem nega, há quem quer provas, como São Tomé, há os que aceitam o testemunho dos apóstolos, há os que creem e experimentam a alegria da ressurreição”, continuou o Arcebispo.  

O Cardeal também ressaltou que, ainda hoje, existem aqueles que desejam provar tudo na medida da história, da ciência, que têm o seus próprios objetos de estudo. “A ressurreição de Jesus e o que a Igreja afirma sobre ela é, sobretudo, objeto da fé, do testemunho. É  esse testemunho que hoje somos convidados a acolher novamente”, afirmou.

A humanidade entra na vida eterna

Dom Odilo acentuou que a primeira grande afirmação da fé da Igreja contida no mistério pascal é que Jesus ressuscitado introduz na história humana a vida eterna. “Sabemos disso pelo testemunho dos apóstolos. Eles estiveram com o Senhor” acrescentou o Cardeal recordando o testemunho de São Pedro relatado na primeira leitura: “Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,40-41).

“‘Jesus nos mandou pregar’, diz o Apóstolo e, então, vem a nova palavra, que interpreta, finalmente, quem é Jesus: ‘Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos’. Significa que ele irá nos julgar se aceitamos, se cremos, se acolhemos o seu Evangelho”, sublinhou o Arcebispo, acrescentando as últimas palavras do discurso de Pedro: “Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados”.

(foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Convite à reflexão

“Queridos irmãos e irmãs, nós estamos celebrando a Páscoa, como fazemos todos os anos. Mas a pergunta é: o que nos traz de novo a Páscoa deste ano? O que levamos de novo para a nossa vida, celebrando a Páscoa neste contexto em que nós nos encontramos?”, convidou Dom Odilo à reflexão.

“Certamente, esta Páscoa nos convida a nos colocarmos seriamente diante da nossa vida e nos perguntemos: ‘Afinal, o que estou fazendo aqui? Para onde vou? Do jeito que eu vivo,  posso me apresentar diante de Jesus, que um dia me julgará?’”, acrescentou o Purpurado.

O Cardeal Scherer enfatizou que a atual pandemia chama atenção para a precariedade da vida, enquanto o mistério pascal convida todos a olharem para aquele que ressuscitou e vive na eternidade.

Ao lado dos que sofrem

O Arcebispo desejou que esta Páscoa também traga alegria, esperança e conforto para todos aqueles que sofrem, sabendo que sua vida não está fadada simplesmente a cair no vazio, as alcançará a eternidade em Cristo. “Coragem! Lutemos por tudo de bom e de bonito que Deus já nos concede experimentar já nesta existência”, exortou.

“Coloquemo-nos ao lado dos que sofrem, que passam privações e ajudemo-los  a carregar o fardo da sua dor, da sua cruz, mas também, não deixemos de lhes dar uma palavra de esperança, apontando o horizonte luminoso que há diante de todos nós. Olhando a misericórdia de Deus que manifestou em Cristo ressuscitado, todos nós podemos participar um dia da sua vida gloriosa”, completou Dom Odilo. 

(foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Restrições continuam na Arquidiocese

No fim da celebração o Arcebispo de São Paulo ressaltou que enquanto perdurar a fase crítica da pandemia, as medidas restritivas adotadas pela Arquidiocese permanecem as mesmas, com a suspensão das missas e demais celebrações com a presença de fiéis.

Dom Odilo esclareceu que tais restrições não são proibições. “Ninguém proibiu que se reze missas. Isso seria, inclusive, contra a constituição. Nós estamos colaborando com toda a comunidade que leva a sério o apelo para cortarmos quanto antes o contágio e a transmissão do coronavírus. Por isso, continuamos nessa situação até que tenhamos sinais de melhora”, afirmou.

As celebrações, portanto continham a ser celebradas diariamente nas paróquias e comunidades, sem povo e transmitidas pelas mídias digitais. A determinação em vigor também prevê que as igrejas permaneçam abertas para que as pessoas posam fazer suas orações pessoais e serem atendidas individualmente pelos sacerdotes, seguindo os protocolos das autoridades sanitárias.

Em seguida, o Cardeal recomendou às pessoas que não deixem de se vacinar assim que possível. “A única solução nesta altura é a vacina. Assim, estaremos preservando a nossa saúde e a dos demais. Que a vacina venha em abundância. Que as autoridades deem seu sinal de esperança, fazendo o melhor possível para que toda a população brasileira possa receber a vacina quanto antes”, manifestou Dom Odilo.  

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