Plataformas de financiamento coletivo abrem perspectivas para novos projetos

Entenda como funciona e quais as vantagens e desvantagens do crowdfunding

Foto: Pixabay

A prática do crowdfunding ou financiamento coletivo tem se popularizado cada vez mais no Brasil, o que inclui projetos pastorais e eclesiais da Igreja.

O financiamento coletivo acontece quando uma pessoa, grupo ou projeto precisam de recursos para desenvolver uma ideia, evento ou atividade, e várias pessoas se unem para contribuir financeiramente para esse trabalho.

As doações são feitas por meio de plataformas digitais especializadas, chamadas plataformas de financiamento coletivo ou plataformas de crowdfunding (leia detalhes abaixo), que funcionam como meio entre as pessoas que precisam de ajuda e aquelas que estão dispostas a apoiar.

Empreendedorismo

O jornalista Ednan Gomes é cofundador e coordenador editorial da Psiu Editora. Juntamente com a publicitária Michele Kataoka, ele participou de um curso de locução promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) na unidade de Bauru (SP).

“Desse encontro, surgiram uma amizade e a identificação com o mundo dos livros, uma vez que ambos são escritores e haviam trabalhado de forma direta ou indireta no mercado editorial. Após a finalização do curso, fomos alimentando a ideia de empreender com uma editora que tivesse uma essência, dialogasse com o público jovem e pudesse abordar temáticas relevantes de cunho social e que, principalmente, contribuísse para democratizar a publicação de livros e o acesso a eles”, contou Gomes em entrevista ao O SÃO PAULO.

Diante da pandemia de COVID-19, eles viram a possibilidade de colocar o projeto em prática, uma vez que muitas pessoas estavam em casa escrevendo seus primeiros textos. Assim, em julho de 2020, eles lançaram a Psiu Editora.

Para eles, o financiamento é uma forma de democratizar a literatura e inserir novos autores no mercado literário do Brasil. “Uma porcentagem dos autores que chegam à Psiu Editora nunca havia publicado nada”, salientou Gomes.

Solidariedade

Daiane Zito, comunicadora social, integra a Pastoral da Juventude. Quando soube da realização do encontro mundial Economia de Francisco, ela se interessou em participar, uma vez que tem experiência em projetos de economia solidária.

“Eu queria muito participar, mas não teria condições financeiras. Conversei com outros jovens do grupo e começamos a realizar ações para arrecadar o valor necessário. Além da venda de camisetas, pensamos no financiamento coletivo, cujo objetivo era arrecadar R$ 4 mil”, contou Daiane.

O grupo conseguiu o valor integral por meio de doações de pessoas físicas, sobretudo da comunidade paroquial. “Tirei o passaporte à época e fiz minha inscrição, mas, devido à pandemia, o evento aconteceu de forma on-line. Agora, estamos decidindo, em comunidade, como será utilizado o valor, em prol da própria comunidade”, explicou.

Cuidado

A Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) organizou um financiamento coletivo para arrecadação de recursos que são destinados à aquisição de cestas básicas, leite, fraldas e kits de higiene para 115 famílias refugiadas, do Centro de Referência para Refugiados em São Paulo.

No local há mais de 30 anos, a CASP acolhe, protege, assiste e integra refugiados e solicitantes de refúgio na cidade de São Paulo. As doações foram realizadas por meio do site Benfeitoria. O total arrecadado em um mês foi de R$ 21.860, acima da meta inicial de R$ 20 mil reais.

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ENTENDENDO O CROWDFUNDING

– O crowdfunding é o financiamento coletivo de produtos e serviços. O objetivo é buscar investimentos em cotas baixas para que determinada ação seja possível, recompensando os colaboradores com o produto trabalhado ou outras formas;

– Geralmente, a empresa ou pessoa física lança uma ideia de produto ou serviço, e chama o público para financiá-lo;

– As cotas têm valores diferentes entre si e cada uma delas vem com uma série de recompensas relacionadas ao produto ou serviço lançado. Quanto maior a participação financeira do cliente, maiores são suas recompensas;

– Estas são algumas das plataformas de crowdfunding no Brasil:

  • Catarse
  • Queremos
  • Benfeitoria
  • Kickante
  • Vakinha

– A meta financeira é estabelecida de maneira vinculada a uma meta temporal, dizendo em quantos dias ou meses a campanha de financiamento estará no ar;

– As pessoas interessadas podem contribuir com os valores preestabelecidos pelo projetista, ou qualquer outro valor que queira, respeitando o sistema das recompensas.

– Para cada valor preestabelecido, é listado uma série de “presentes” que o colaborador ganha pelo financiamento.

– Ao final da campanha, se a meta financeira tiver sido alcançada, o valor arrecadado vai para a empresa ou pessoa física que o idealizou. Se não tiver sido alcançada, e o modelo do financiamento for “tudo ou nada”, ou seja, toda a meta ou nenhum projeto, o dinheiro é estornado a todos os colaboradores.

– No caso da meta alcançada, a plataforma fica com um percentual sobre o montante arrecadado, que pode variar de 3% a 20%.

Vantagens

  • Criar uma base de apoio que financie e divulgue o projeto;
  • Risco mínimo de investimento em novos projetos, já que o financiamento vem antes de sua execução;
  • Possibilidade de divulgação dos produtos e serviços em grande escala;
  • Alcance de novos públicos, mediante a exposição dos projetos pela própria plataforma;
  • Investimentos mínimos de alcance de toda a população. Na maioria das plataformas, o financiamento pode começar por R$ 1,00 ou R$ 5,00, já ganhando recompensas.

Desvantagens

  • É um processo que demanda muita atenção em comunicação para poder dar certo;
  • Projetos que necessitem de grandes valores podem não conseguir financiá-los pelas plataformas;
  • As verbas são mais eficazes em projetos pontuais, e a médio e/ou longo prazo podem não ser o suficiente;
  • Exposição do projeto pode gerar risco de cópia.

Fonte: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

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