‘Nossos produtos trazem um caráter visível da obra invisível’, diz Frei Rafael dos Santos, dos Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo
Nos estandes dos 240 expositores da ExpoCatólica 2024, realizada entre os dias 4 e 7, no Pro Magno – Centro de Eventos, em São Paulo, predominavam lojistas e equipes de venda, mas também foi possível ao público visitante conhecer o carisma de congregações religiosas, as quais também venderam na feira produtos para manter suas atividades.
‘O CARÁTER VISÍVEL DO INVISÍVEL’
O marrom do hábito dos Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo (CMES) aparece em cada um dos produtos que se enfileiram nas prateleiras do estande. O que para muitos parece ser um desenvolvido conceito de marketing e identidade de marca, para os frades têm uma explicação muito mais simples: “Queremos que lembrem do nosso Instituto em seus lares, e rezem por nós”, diz Frei Rafael dos Santos.
Caroline Liberal, 22, destaca que é justamente essa intenção espiritual o diferencial dos expositores de congregações. “Quando compro alguma coisa dos freis, sei que vem junto a espiritualidade e missão deles”, afirma ela, logo após comprar um Terço no estande dos CMES.
“Nossos produtos trazem um caráter visível da obra invisível, ou seja, são objetos simples de piedade que representam o desejo de participar dos mistérios do céu”, diz Frei Rafael, em meio às informações sobre os preços e tamanhos dos produtos.
SINAL DA PROVIDÊNCIA
Os produtos dos estandes dos religiosos e das religiosas são, muitas vezes, a principal forma de sustento da obra. Por isso, cada venda é compreendida como sinal da providência de Deus, como diz Irmã Maria de Lourdes da Sagrada Face, do Instituto das Pobres de Jesus Cristo: “Quando nos convidaram para a ExpoCatólica, parecia um sonho. Sentimos a providência divina sobre nós. Tudo que vendemos conta com nosso esforço, mas é muito mais a providência de Deus que nos abre portas para que tenhamos como continuar a missão”.
Os crucifixos e Terços vendidos no estande do Instituto são esculpidos a mão por consagrados e “filhos prediletos”, nome que os religiosos dão aos acolhidos, que estão em processo de recuperação de dependência química ou alcoólica, e recebem acompanhamento nas casas de missão.
Além de ajudar no sustento da obra, o artesanato acaba sendo uma formação profissionalizante, que já ajudou alguns na reintegração social após o tratamento. “Esses produtos são providência também para nossos filhos prediletos, porque mostram que são capazes de construir algo”, reforça Irmã Maria de Lourdes.
COPARTICIPANTES DA MISSÃO
O desejo de ajudar acaba sendo fator determinante na decisão de compra. Muitos visitam o estande por estarem familiarizados com o trabalho e estilo de vida dos consagrados, acabando por adquirir um produto com o intuito de participar ativamente da missão.
“Acabei de comprar uma medalha e ainda não sei o que fazer com ela, mas quando conheci o trabalho que eles fazem com os dependentes, acabei comprando pra ajudar”, disse Maria Eduarda Feitosa, 25, que tinha acabado de sair do estande do Instituto das Pobres de Jesus Cristo.
A medida que a ExpoCatólica foi se aproximando do encerramento, o sentimento que estes consagrados expressam era o de dever cumprido. “Nem vendemos muitas coisas, mas conversamos e partilhamos com tantas pessoas sobre nossas vocações que valeu a pena”, disse Irmã Maria de Lourdes. “Foi em uma feira parecida com essa que, nove anos atrás, conheci um frei que me contou sua vida. Ali foi o início da minha descoberta vocacional”, compartilha Frei Rafael que acrescenta: “Acredito que Deus me usou nessa feira para fazer isso por outros jovens”.