‘Que Deus nos ajude a honrar a sua obra em todos os momentos’

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu, a missa desta terça-feira, 9, na capela de sua residência.

A Eucaristia, transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais da Arquidiocese, foi concelebrada pelo Frei Carlos Silva, nomeado Bispo Auxiliar de São Paulo, que receberá a ordenação episcopal no próximo sábado, 13, às 15h, na Catedral da Sé.

Na homilia, Dom Odilo meditou sobre o trecho da primeira leitura (Gn 1,20–2,4a), que continua a narrativa da criação do mundo, explicando que o texto é um “poema teológico”, uma reflexão a partir do olhar de fé, sobre a origem do céu e da terra.

Beleza da criação

O Cardeal destacou ser possível identificar um plano de fundo sobre o qual a narrativa e é escrita, baseada numa cultura de que existiam dois deuses, um do bem e outro do mal, portanto, duas origens e princípio das coisas. Nessa ideia, o deus bom teria criado as coisas espirituais enquanto o mal era responsável pela criação das coisas materiais, identificadas como ruins.

“Não é essa a visão da Bíblia, da nossa fé sobre a realidade da criação. Existe um único Deus criador do céu e da terra, das coisas espirituais e materiais e não há mal na criação enquanto tal. O mal entra depois, não foi Deus quem colou o mal nas coisas criadas”, ressaltou.

O Cardeal sublinhou, ainda, que, quando narra a criação do homem e da mulher, o texto diz que Deus viu que era bom e se alegrou com a sua obra e descansou no sétimo dia.

“Deus não descansou porque estava exausto de tanto criar montanhas, pedras, mares, mas é um descanso para contemplar e olhar a beleza e se alegrar na criação”, explicou Dom Odilo, reforçando que o sétimo dia é, ocasião para se maravilhar diante da obra de Deus.

Obra dinâmica

O Arcebispo salientou que a visão do cristão sobre o Deus criador, origem de todas as coisas, não contradiz a evolução da criação. Nesse sentido, ele afirmou que a teoria da evolução só não é aceita pelos cristãos quando é compreendida de forma absoluta e exclui a origem divina do mundo e de tudo o que há nele.

Dom Odilo acrescentou que a criação não é estática, mas dinâmica, lembrando que as gerações se sucedem, assim como as estações do ano e a natureza como um todo. “Isso faz parte da dinâmica da própria criação e nós não precisamos opor criacionismo e evolucionismo como se faz. Nós só não podemos aceitar o evolucionismo absoluto que exclui a obra e a ação de Deus criador. Não há como admitir que as coisas surgiram do nada, pois, do nada, nada surge, o nada não é capaz de produzir algo. Portanto, do ponto de vista racional, é impossível excluir a ação de Deus criador no início de tudo”, enfatizou o Cardeal.

Por fim, o Arcebispo recordou que o Papa Francisco refere-se à criação como “casa comum” da humanidade. “Que Deus nos ajude a honrar a sua a obra em todos os momentos”, concluiu.

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

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