Francisco lamenta ilações ‘ofensivas e infundadas’ contra São João Paulo II

Após a oração mariana do Regina Caeli neste domingo (16), Pontífice falou do Papa João Paulo II, dizendo estar ‘certo de interpretar os sentimentos dos fiéis de todo o mundo’ e dirigindo ‘um pensamento de gratidão’ à sua memória

Após recitar a oração mariana do Regina Caeli na Praça São Pedro, no domingo, 16, o Papa Francisco defendeu seu predecessor – São João Paulo II -, cuja figura tem estado no centro de acusações caluniosas nos últimos dias, ligadas ao caso italiano ‘Orlandi’: feitas com base em “rumores” anônimos, sem testemunhas ou indícios. Acusações que o Pontífice descreveu como “ilações ofensivas e infundadas”.

Eis as palavras de Francisco, que após saudar os grupos da Divina Misericórdia presentes na Praça de São Pedro, acrescentou:

“Certo de interpretar os sentimentos dos fiéis de todo o mundo, dirijo um pensamento de gratidão à memória de São João Paulo II, nestes dias, objeto de ilações ofensivas e infundadas.”

SECRETÁRIO DE WOJTYLA REFUTA ACUSAÇÕES

“Insinuações vergonhosas”, “acusações divagantes”, “irrealistas” e “risíveis”. O Cardeal Stanislaw Dziwisz interveio em defesa de São João Paulo II, o Papa que serviu por mais de quarenta anos como secretário particular, após as declarações feitas pelo irmão de Emanuela Orlandi, cidadã do Vaticano que desapareceu em 1983, sobre o alegado comportamento inapropriado do Pontífice polonês.

Sobre o caso não resolvido da jovem Emanuela, desaparecida aos 15 anos de idade após uma aula de música no centro de Roma, um dossiê foi reaberto em janeiro deste ano pelo Promotor de Justiça, Alessandro Diddi, também com base em pedidos feitos pela família em vários fóruns. Esta decisão do Gabinete do Promotor de Justiça confirma o desejo da Santa Sé de esclarecer o caso, tomando todas as medidas possíveis para conseguir uma reconstrução precisa dos acontecimentos, na medida de sua competência.

Na terça-feira 11 de abril, imediatamente após a Páscoa, seu irmão Pietro Orlandi, acompanhado de sua advogada Laura Sgrò, foi recebido por Diddi para fazer suas declarações e oferecer qualquer informação em sua posse. A conversa com o promotor durou quase oito horas, como foi divulgado pelo próprio Orlandi, que, entre outras entrevistas, participou de um programa de televisão italiano naquela noite, relatando as declarações feitas por um membro da Banda della Magliana – uma organização criminosa que sempre foi mencionada no caso Orlandi – sobre supostas saídas noturnas de João Paulo II e outros comportamentos impróprios. Alegações, estas, relatadas em um arquivo de áudio depositado no Escritório do Promotor de Justiça, que não têm provas corroborantes e que suscitaram uma onda de indignação geral.

O Cardeal Dziwisz, em uma nota divulgada no início do dia, falou de “afirmações imprudentes, mas seria mais correto dizer insinuações ignóbeis” de Pietro Orlandi sobre Wojtyla “em conexão com o amargo e doloroso caso de sua irmã Emanuela”. O Cardeal Emérito de Cracóvia considera este caso “angustiante” e espera que ele possa ser liberado “do turbilhão de enganos, mitomania e pilhagem” que o tem caracterizado nas últimas quatro décadas.

“Dificilmente se pode dizer que estas insinuações, que se diz terem originado do submundo romano, aos quais agora se atribui um semblante de pseudo-representabilidade, são de fato acusações divagantes, falsas do começo ao fim, irreais, risíveis até o ponto de comédia, se não fossem trágicas, até mesmo criminosas em si mesmas”, diz Dziwisz.  O cardeal reconhece que é “um crime gigantesco” o que foi feito a Emanuela e sua família, mas igualmente “criminoso é lucrar com isso, com reclamações incontroláveis, destinados a desacreditar antecipadamente as pessoas e os ambientes até que se prove de outra forma dignos de estima universal”. 

Isto não diminui, escreve Dziwisz, o fato de que “a dor incompressível de uma família que não tem notícias de sua filha há 40 anos merece todo respeito, toda preocupação, toda proximidade”. Diante de certas declarações que “encontraram eco nas redes sociais e em certos meios de comunicação, especialmente os italianos”, o cardeal sente o dever de testemunhar, como secretário particular do Papa, “sem medo de negar o que outros afirmaram”, que “desde o primeiro momento, o Santo Padre se encarregou do caso, agiu e fez com que outros agissem para que este tivesse um resultado feliz, nunca encorajou nenhuma forma de dissimulação, sempre demonstrou afeto, proximidade e ajuda das mais diversas maneiras à família de Emanuela”.

O desejo do cardeal é de “honestidade por parte de todos os envolvidos” e a esperança de que “a Itália, o berço universal da lei, saiba usar seu sistema jurídico para zelar pelo direito a uma boa reputação daqueles que não estão mais conosco hoje, mas que observam e intercedem do alto”.

Fonte: Vatican News

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários