Os pedidos do Papa Francisco para dar um ‘rosto humano’ à economia

Pontífice enviou mensagem de vídeo aos participantes do IV Encontro Mundial dos Movimentos Populares, no sábado, 16

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O sistema econômico atual funciona com “uma implacável lógica de ganância” e está “escapando ao domínio humano”. São palavras do Papa Francisco em mensagem enviada ao IV Encontro Mundial dos Movimentos Populares, no sábado, 16. No discurso, gravado em vídeo – cuja íntegra pode ser vista em https://cutt.ly/aRh5a20 – o Papa faz uma ampla análise social e apresenta suas angústias sobre problemas que vão desde a crise sanitária à pobreza e ao cuidado do meio ambiente.

Referindo-se à Doutrina Social da Igreja, e em contínuo diálogo com esses movimentos, ele disse que é preciso dar “um rosto humano” aos modelos sociais e econômicos de hoje. O discurso vem sendo considerado por observadores do Vaticano um dos mais importantes do pontificado neste período de pandemia da COVID-19.

Em nome de Deus

Recordando a passagem bíblica sobre as bem-aventuranças, ele apresentou uma lista de pedidos para a família humana, apelos que faz “em nome de Deus”.

“A mudança pessoal é necessária, mas é imprescindível também ajustar nossos modelos sócio-econômicos para que tenham rosto humano”, disse. “E pensando nessas situações [de injustiça], faço esses pedidos a todos, e quero lhes pedir em nome de Deus.” Entre os pedidos do Papa estão:

  • a quebra das patentes de vacinas para doenças globais como a COVID-19, pois “há países onde só 3-4% dos habitantes foram vacinados”;
  • o perdão da dívida de países pobres por países ricos e organismos internacionais;
  • o fim da contaminação de rios e mares por empresas extrativistas;
  • o fim dos monopólios na produção e distribuição de alimentos;
  • o fim da produção e do tráfico de armas;
  • o fim da “exploração da fragilidade humana” por parte dos gigantes da tecnologia e dos que difundem “discursos de ódio, o grooming, fake news, teorias conspiratórias e manipulação política”;
  • a liberação de acesso a conteúdos educativos por parte de empresas de telecomunicação;
  • o fim da desinformação nos meios de comunicação;
  • o fim dos bloqueios unilaterais a qualquer país do mundo e a resolução de conflitos somente nas Nações Unidas e instâncias multilaterais;
  • que os governantes estejam próximos de seu povo e o represente;
  • que os líderes religiosos nunca usem o nome de Deus para difundir violência ou realizar golpes de Estado.
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