Papa pede a artesãos que ‘sejam sinais de uma humanidade criativa e generosa’

Francisco recebeu empresários e representantes da Confederação de Artesãos, nascida depois da II Guerra Mundial, que contribuíram para o renascimento econômico da Itália e agradeceu-lhes pela inclusão daqueles que têm deficiências graves

Fotos: Vatican Media

O Santo Padre recebeu, na manhã do sábado, 10, na Sala Paulo VI, no Vaticano, os empresários e representantes da Confederação de Artesãos, provenientes de toda a Itália.

Em seu discurso, o Papa recordou a importância desta Associação, que nasceu em 1946, após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de contribuir para o renascimento e o desenvolvimento da economia nacional.

Nas últimas décadas, explicou Francisco, o artesanato passou por transformações notáveis, passando de pequenas instituições a empresas, que produzem materiais e prestam serviços até em grande escala. O uso das tecnologias aumentou o alcance do setor, mas o importante é que não acabem por substituir a imaginação do homem, criado à imagem e semelhança de Deus. As máquinas produzem, com velocidade excepcional, mas as pessoas inventam!

Sobre esta Associação, que valoriza o engenho e a criatividade humana, o Papa comparou seu trabalho a três membros do corpo: mãos, olhos e pés.

Quanto àsmãos, afirmou: “O trabalho manual torna o artesão partícipe da obra criadora de Deus. Fazer não é a mesma coisa que produzir, mas coloca em jogo a capacidade criativa, que une a habilidade das mãos, a paixão do coração e as ideias da mente. Suas mãos criam muitas coisas e os tornam colaboradores de Deus. Por isso, agradeçam ao Senhor pelo dom das mãos e pelas suas obras”.

Porém, disse Francisco, nem todos têm esta sorte, devido à ociosidade ou ao desemprego, situações humanas que precisam ser levadas em consideração. Às vezes, as empresas buscam funcionários e se não os encontrar, tentem oferecer emprego às categorias mais frágeis: jovens, mulheres e migrantes. Aqui, o Papa agradeceu a contribuição das empresas que tentam abater os muros da exclusão dos que têm deficiências graves, incapacitados, marginalizados e explorados. É preciso reconhecer sempre a dignidade do trabalhador e da trabalhadora.

A seguir, Francisco explicou a importância dos olhosno trabalho humano: “O artesão tem uma visão original da realidade. Ele tem a capacidade de reconhecer uma obra-prima mesmo em uma matéria inerte: um bloco de mármore, para o artesão, representa um móvel; um pedaço de madeira, para um artesão, representa um violino, uma cadeira, uma moldura! O artesão é o primeiro a compreender o destino da beleza de um material. Tudo isso leva o homem a se aproximar do Criador”.

Neste sentido, Francisco recordou o Evangelho de Marcos, no qual Jesus é definido como “carpinteiro”: o filho de Deus era artesão e aprendeu este ofício com São José, na oficina de Nazaré. Ele viveu vários anos entre os cinzéis e ferramentas de carpintaria, onde aprendeu a dar valor às coisas e ao trabalho. Hoje, os artesãos nos ajudam a ter uma visão diferente da realidade; ajudam a reconhecer o valor e a beleza da matéria que Deus colocou em nossas mãos.

Por fim, o Santo Padre explicou a função dos pés no trabalho do homem: “O artesanato é um meio para trabalhar, desenvolver a imaginação, melhorar os ambientes, as condições de vida e os relacionamentos. Eis porque, para mim, vocês são artesãos da fraternidade, como a parábola do Bom Samaritano, que nos recorda a arte das boas relações e da partilha. Com nossos pés vamos ao encontro dos que caem no caminho. Com o nosso trabalho, permitimos a eles de caminhar conosco como companheiros de viagem. Quando damos um passo em direção ao nosso irmão, tornamo-nos artesãos de uma nova humanidade”.

Francisco concluiu seu discurso encorajando os presentes a ser artesãos da paz, em um tempo em que as guerras causam vítimas e os pobres não são ouvidos. E os exortou: “Deixem que suas mãos, olhos e pés sejam sinais de uma humanidade criativa e generosa“.

Fonte: Vatican News

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