Papa Francisco em Corpus Christi: Levar às ruas o ‘pão do amor’

Vatican Media

Em procissão, os cristãos levaram o Santíssimo Sacramento para as ruas de cidades de todo o mundo na Solenidade de Corpus Christi. Nas palavras do Papa Francisco, não se trata de simplesmente “nos colocarmos à mostra, nem de ostentar a nossa fé, mas de convidar todos a participar, no Pão da Eucaristia, à vida nova que Jesus nos doou”.

O espírito que orienta a festa, celebrada na Itália no domingo, 2, é o de levar “o pão do amor” às ruas e a todos os lugares onde imperam o sofrimento, a violência e a indiferença. “O pão eucarístico é presença real”, disse o Papa, em sua pregação na catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão.

“E com isso nos fala de um Deus que não está distante, que não é ciumento, mas próximo e solidário com o ser humano, que não nos abandona, mas nos busca, nos espera e nos acompanha, sempre, ao ponto de colocar-se indefeso nas nossas mãos”, declarou. “E essa sua presença nos convida, também a nós, a nos fazermos próximos dos irmãos lá onde o amor nos chama”.

Em 2024, o Papa Francisco retomou a tradição que havia interrompido há alguns anos, de realizar a procissão de Corpus Christi no centro da cidade de Roma. Nos últimos anos, ele havia preferido celebrar a solenidade em paróquias da periferia. Além disso, considerando que Corpus Christi não é feriado na Itália, ele transferiu a festa para o domingo, facilitando a celebração. A procissão, de menos de 2km, partiu da catedral e foi até a Basílica de Santa Maria Maior.

A VERDADEIRA LIBERDADE

O Pontífice refletiu sobre um comportamento bastante comum na atualidade, que é a indiferença e o desengajamento em relação aos outros. “Há quem diga que é livre, quem pensa só em si mesmo, quem aproveita a vida e quem, com indiferença e, talvez, com prepotência, faz tudo aquilo que quer, independentemente dos outros”, afirmou. “Isso não é liberdade, é uma escravidão escondida.”

A verdadeira liberdade, disse o Papa, não se encontra nem nos “cofres” nem nos “sofás” do individualismo, mas “no cenáculo”, lugar da Última Ceia, quando Cristo, “sem nenhum motivo que não o amor”, se entrega. Com isso em mente, podemos nos “inclinar diante dos irmãos para oferecer a eles o próprio serviço, a própria vida”.

A palavra Eucaristia, que quer dizer “dar graças”, nos ensina a “bendizer, a acolher e a beijar, sempre, em ação de graças, os dons de Deus, e isso não só na celebração [litúrgica], mas também na vida”.

Como é previsto, após a bênção com o Santíssimo Sacramento, o Papa rezou: “Olha, ó Pai, para o teu povo, que professa a fé em Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria, crucificado e ressuscitado, presente neste santo sacramento, e deixa-o tirar desta fonte de toda a graça os frutos da salvação eterna.”

SER PÃO PARA OS OUTROS

Horas antes, na oração do Angelus, na Praça São Pedro, ele já havia recordado que cada pessoa deve “se tornar Eucaristia”. Esse chamado é especialmente urgente onde há guerra, egoísmo e indiferença, comentou. É preciso levar “o aroma de pão fresco” aos lugares nos quais prevalece “o ódio que destrói”.

Durante o Angelus, ele mencionou nominalmente locais marcados por conflitos armados atualmente: o Sudão, a “martirizada” Ucrânia, Palestina, Israel e Mianmar.

Da mesma forma que Jesus entrega a si mesmo ao partir o pão, revela “sua identidade e sua missão”. Jesus “fez de toda a sua vida um dom”, disse o Papa. “Compreendamos, portanto, que celebrar a Eucaristia e comer este Pão, como fazemos especialmente aos domingos, não é um ato de culto desligado da vida ou um mero momento de consolação pessoal”, acrescentou.

“Devemos sempre recordar que Jesus tomou o pão, partiu e o deu [aos discípulos] e, por isso, a comunhão com Ele nos torna capazes de nos fazermos também pão partido para os outros, capazes de partilhar o que somos e o que temos.”

A Eucaristia pode nos tornar “profetas e construtores de um mundo novo”, continuou o Bispo de Roma. Ele também disse que “quando participamos nos sofrimentos dos irmãos e partilhamos o pão e os recursos com os necessitados, quando colocamos os nossos talentos à disposição de todos, estamos partindo o pão da nossa vida como Jesus”.

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