Na manhã desta sexta-feira, 9, o Papa Leão XIV presidiu sua 1ª missa na Capela Sistina, no Vaticano, na conclusão do Conclave na qual foi eleito o 267º Papa da Igreja Católica, no dia anterior.

fotos: Vatican Media
No começo da homilia, dirigindo-se ao colégio cardinalício, em inglês, Leão XIV convidou os cardeais a render graças pelas maravilhas do Senhor, e que ele como novo Papa também o faz por ter sido o escolhido para carregar a cruz de Cristo, missão que fará contando com ajuda de toda a Igreja, especialmente dos cardeais, “para anunciar a Boa Notícia, para anunciar o Evangelho, para dizer que o Cristo é filho do Deus vivo”.
CRISTO, A IGREJA E O ANÚNCIO DO EVANGELHO
“Jesus é o Messias, o filho do Deus vivo, ou seja, o único Salvador que revela o rosto do Pai. Nele, Deus, para se tornar próximo e acessível aos homens, revelou-se, nos olhos confiantes de uma criança, na mente viva de um jovem, na fisionomia madura de um homem. Até aparecer aos seus, após a ressurreição com seu corpo glorioso. Mostra-nos, assim, um modelo de humanidade santa, que todos podemos imitar, juntamente com a promessa de um destino eterno, que ultrapassa todos os nossos limites e capacidades”, ressaltou o Papa, na sequência da homilia, proferida em italiano.
Leão XIV lembrou que os dons da salvação são confiados à Igreja, que deve oferecê-los à humanidade, especialmente anunciando o Evangelho a todas as criaturas, uma missão de cada batizado.
“E Deus, de modo particular, chamando-me por meio do vosso voto a suceder ao primeiro dos apóstolos, confia-me esse tesouro para que, com a sua ajuda, eu seja seu fiel administrador, em benefício de todo o corpo místico da Igreja, para que ela seja cada vez mais cidade colocada sobre o monte, a arca de salvação que navega sobre as ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo”, disse o Papa, destacando que a Igreja faz tudo isso não pela magnitude de suas estruturas, mas pela santidade de seus membros.

‘O QUE DIZEM QUE SOU?’
O Santo Padre recordou, ainda, que no diálogo com Pedro, Cristo pergunta-lhe sobre o que dizem os homens a respeito do Filho de Deus, e que a essa pergunta, tanto os relatos bíblicos quanto as diferentes situações da realidade atual, mostram que predominam duas respostas: para alguns, Cristo é uma pessoa totalmente desprovida ou um personagem curioso por sua maneira de falar e agir; já para outros, o Nazareno é um homem justo, alguém que tem coragem, que fala bem e que diz coisas certas, mas estas pessoas deixam de segui-Lo quando o veem diante de situações de risco, como no episódio da Paixão.
“Ainda hoje, não faltam contextos em que a fé cristã é considerada uma coisa absurda, de pessoas fracas, pouco inteligentes, contextos em que, em vez dela, se preferem outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer. São ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho e onde quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado ou, quando muito, suportado e digno de pena”, comentou o Pontífice, lembrando, porém, que é nestas ocasiões e lugares que a Igreja é chamada a evangelizar.
“Precisamente por isso, são lugares onde a missão se torna urgente, porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação sobre as mais dramáticas formas da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre, e não pouco”, comentou o Papa, lembrando que nestes contextos e naqueles que Cristo é tratado apenas como “uma espécie de líder carismático ou super-homem”, que a Igreja é chamada a testemunhar a alegria da fé em Jesus, como tantas vezes disse o Papa Francisco.
TER AUTORIDADE NA IGREJA É FAZER COM QUE CRISTO SEJA MAIS CONHECIDO

Leão XIV também lembrou que compete aos cristãos sempre lembrar em suas próprias vidas cotidianas que Cristo é o Messias – “o Filho de Deus vivo” – e, também, fazê-lo como Igreja, vivendo conjuntamente esta pertença a Cristo e levando a Boa Nova a todos.
“Digo isso, em primeiro lugar, para mim mesmo, como sucessor de Pedro, ao iniciar a minha missão de Bispo da Igreja que está em Roma, chamada a presidir na caridade a Igreja Universal”, comentou, destacando ainda esse compromisso a todos os demais que exercem alguma autoridade na Igreja.
“Um compromisso irrenunciável para quem, na Igreja, exerce um ministério de autoridade: desaparecer para que Cristo permaneça; fazer-se pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado; gastar-se até o limite para que a ninguém falte a oportunidade de o conhecer e amar. Que Jesus me dê essa graça, hoje e sempre, com a ajuda da eterna intercessão de Maria, Mãe da Igreja”, concluiu.
Ao término da liturgia Eucarística, todos entoaram o Regina Caeli e o canto Oremos pelo Pontífice, em latim. Após a bênção final, o Papa foi aplaudido ao deixar a Capela Sistina.
No 4º Domingo da Páscoa, dia 11, o Domingo do Bom Pastor, Leão XIV dará a bênção aos fiéis reunidos na Praça São Pedro, sendo aguardada também uma reflexão sua à Igreja e ao mundo.