Arquidiocese de Curitiba repudia ‘comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos’ na Igreja do Rosário

Manifestantes entraram no templo durante protesto contra recentes mortes de homens negros no Brasil

A Arquidiocese de Curitiba divulgou na segunda-feira, 7, uma nota, assinada por seu Arcebispo, Dom José Antonio Peruzzo, na qual se posiciona sobre o episódio ocorrido na tarde do sábado, 5, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, no centro da capital paranaense.

Na ocasião, um grupo se reuniu no Largo da Ordem, em frente ao templo, para protestar contra os recentes assassinatos de dois homens negros no Rio de Janeiro: o repositor de supermercados Durval Teófilo Filho, de 38 anos, morto a tiros por um vizinho na cidade de São Gonçalo; e o imigrante congolês Moïse Kabagambe, 24, morto a mando do dono de um quiosque para quem ele trabalhava na capital fluminense.

A morte do congolês gerou comoção nacional. No sábado, 5, ocorreram em protestos em diferentes partes do Brasil, incluindo o feito em Curitiba. Anteriormente, no dia 3, a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB, a Rede CLAMOR Brasil e a Rede Solidária para Migrantes e Refugiados (RedeMiR) emitiram uma nota, pedindo por justiça diante do episódio.

Na nota dilvulgada na segunda-feira, a Arquidicese de Curitiba detalha que o protesto em frente à Igreja do Rosário, construída por negros e inaugurada em 1737, teve início “no mesmo horário da celebração da missa. Solicitados a não tumultuar o momento litúrgico, lideranças do grupo [que protestava] instaram a comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos”.

Embora pondere que a questão racional no Brasil “ainda requer muita reflexão e análises honestas, que promovam políticas públicas com vistas a contemplar a igualdade dos direitos de todos”, a Arquidiocese lembra que  “não é menos verdadeiro que a justiça e a paz nunca serão alcançados com destemperos ou impulsividades desequilibradas”.

A Arquidiocese enfatiza: “Infelizmente, o que houve no último sábado foram agressividades e ofensas. É fácil ver quem as estimulou. A posição da Arquidiocese de Curitiba é de repúdio ante a profanação injuriosa. Também a Lei e a livre cidadania foram agredidas. Por outro lado, não se quer ‘politizar’, ‘partidarizar’ ou exacerbar as reações. Os confrontos não são pacificadores. O que se quer agora é salvaguardar a dignidade da maravilhosa, e também dolorosa, história daquele Templo”.

Na tarde da terça-feira, 8, Dom Peruzzo enviou um comunicado aos padres da Arquidiocese de Curitiba, incentivando que todos a celebrem missas nos dias 12 e 13, pedindo pela paz: “Promover a paz. Este é o pedido: que nas missas os cantos, as homilias, as preces, pronunciem palavras e sentimentos que promovam o perdão e a paz em nossa cidade e em nossa Arquidiocese”.

Fontes: Arquidiocese de Curitiba.

guest
1 Comentário
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários
dilsomar ribeiro campos
dilsomar ribeiro campos
2 anos atrás

o vaticano tem que se posicionar de maneira transparente e direta, os católicos estão sem um Papa que os defenda como se espera de um Pai que cuida de seus filhos, é muito temoroso o que ocorre, pois quem segue os preceitos católicos exige respeito e proteção na terra dos seus lideres religiosos.