Comunidades têm até o 1º Domingo do Advento para iniciar o uso da nova tradução do Missal Romano

A Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentou, na quinta-feira, 20, na 60ª Assembleia Geral da CNBB, o processo de adaptação da Igreja do Brasil à tradução brasileira da terceira edição do Missal Romano.

Como foi decidido na última reunião do Conselho Permanente da CNBB, realizada em março, as comunidades de todo país têm até o Advento para começar a utilizar os novos textos nas celebrações da missa. O processo de tradução e aprovação desta tradução levou 19 anos para ser concluído.

 “O uso dos textos da terceira edição serão facultativos até o primeiro domingo do Advento e depois será obrigatório”, explicou Dom Edmar Peron, Bispo de Paranaguá (PR) e Presidente da Comissão para a Liturgia.

Dom Edmar explicou que não se trata de um “novo missal” inaugurando uma nova forma de liturgia, como em 1965 pós Concílio Vaticano II, mas a tradução da terceira edição típica do Missal Romano, “o missal pós-Concílio Vaticano II, também chamado Missal de Paulo VI”, ressaltou. A terceira edição foi promulgada em 2002 por São João Paulo II e revisada em 2008, com o objetivo de incorporar as disposições litúrgicas e canônicas desde a segunda edição típica, de 1975.

“A Igreja é dinâmica”, afirmou dom Edmar, e precisava incorporar essa dinâmica nos textos do missal. Mas o trabalho das conferências não foi apenas inserir coisas novas, ressaltou, mas principalmente revisar a tradução do missal.

RECEPÇÃO NAS COMUNIDADES

Dom Edmar apresentou três aspectos fundamentais para a recepção do missal nas comunidades. O primeiro é ter claro que o livro por si só não basta, é preciso “passar do livro à celebração”. E aí o papel fundamental de cada bispo em promover uma educação litúrgica. “Nós somos, pela Cristus Dominus, moderadores, promotores e guardiães de toda vida litúrgica da nossa Igreja”, reforçou.

O segundo aspecto é rever o modo de bem celebrar a liturgia. Esta é, explica, um evento de salvação e não apenas rubricas a serem seguidas. “Não celebramos para observar rubricas, celebramos com elas o evento de salvação. Rito não é rubrica a ser observada, mas uma ação de Cristo e da Igreja a ser celebrada”, destacou Dom Edmar.

Por fim, não haverá recepção autêntica do missal se este não se tornar fonte da vida espiritual. Segundo a Sacrossantun conciliun, cita o Bispo, a “plena e ativa participação de todo o povo” possibilita que a Liturgia seja, de fato a primeira fonte onde os fiéis vão beber o “espírito genuinamente cristão” (14).

“A meditação contínua (uma “leitura orante”) dos textos do missal o tornarão novos e fonte de nossa vida espiritual”, concluiu Dom Edmar.

FOLHETOS DIOCESANOS

Os textos do missal serão disponibilizados integralmente pelas Edições CNBB às dioceses que têm folhetos próprios das missas, em tempo hábil para atender a obrigatoriedade do uso no 1o Domingo do Advento. As dioceses podem entrar em contato com a editora para solicitar o material. 

RELATÓRIO DA COMISSÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

Ainda na primeira parte da manhã, a Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé apresentou um relato, como última contribuição aos bispos antes da nova eleição. Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo de Santo André (SP) e Presidente da Comissão, partiu de uma análise da fé num momento de mudança de época para falar de luzes e sombras na vida de fé da Igreja.

Dom Pedro apontou questões desafiadoras que exigem “reflexão e vigilância constante”. 

“Muitos já separaram a vivência da fé, a prática da fé, da religião e da própria vida”, falou. “É preciso, portanto, retomar, recomeçar, a partir de Jesus Cristo (CELAM, Documento de Aparecida, 244-245). Voltar a Jesus Cristo, às origens é voltar ao essencial, retomar o ‘coração da fé’, ao Evangelho do Reino.” Por isso, é preciso transmitir “uma fé capaz de dar esperança para sustentar a vida do povo”.

“Confiemos na ação do Espírito, enviado sobre os apóstolos em Pentecostes”, concluiu dom Pedro Cipollini.

Fonte: Comunicação da 60a AG CNBB

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