Mais do que nunca é hora de economizar energia elétrica

Já neste mês, a conta de luz ficará mais cara em razão do reajuste na bandeira tarifária e do acréscimo no valor do kWh cobrado pela Enel em São Paulo. Veja dicas para reduzir o consumo

Foto: Agência Brasil

A baixa nos reservatórios das hidrelétricas, em razão da escassez de chuvas, e a necessidade de maior acionamento das termelétricas para garantir a geração de energia fizeram com que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adotasse desde junho a bandeira tarifária Vermelha patamar 2, a que mais eleva o custo do quilowatt-hora (kWh) consumido.  

Em 1o de julho, passaram a vigorar os reajustes nos valores das bandeiras tarifárias. A Vermelha 2 passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh; a Vermelha 1 de R$ 4,16 para R$ 3,971 e a Amarela de R$ 1,34 para R$ 1,874. Há ainda a bandeira Verde, que não ocasiona acréscimos no valor da conta, pois é aplicada quando o nível dos reservatórios está alto e não é preciso o acionamento extra das usinas térmicas. 

Seca prolongada, energia mais cara

O volume de chuvas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste entre novembro de 2020 e abril foi o menor registrado desde 1931, o que provocou uma baixa nos reservatórios que alimentam as hidrelétricas da região, as quais respondem por 70% da capacidade de geração de energia do País. Para poupar os reservatórios, foi preciso acionar as termelétricas, que têm custo de produção da energia mais caro. 

De acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a situação crítica de escassez de recursos hídricos deve se manter nos próximos meses, razão pela qual a Aneel projeta que a bandeira tarifária no patamar Vermelha 2 seja mantida ao menos até novembro. 

Hora de evitar desperdícios e rever hábitos

Não bastassem os aumentos nas bandeiras tarifárias, a Aneel autorizou que em São Paulo a Enel Distribuidora reajuste, a partir do domingo, 4, os valores cobrados a cada kWh consumido. Para consumidores de alta tensão, como as indústrias e grandes comércios, a alta será de 3,67%; para os consumidores residenciais, de 11,4%.

Assim, é indispensável observar os próprios comportamentos de consumo de energia para evitar desperdícios, conforme orienta Cíntia Senna, mestra em Educação Financeira e que atua na DSOP Educação Financeira: “Há itens que parecem inofensivos, mas que, ficando ligados o dia todo, ainda que em stand by, consomem energia. Também é preciso olhar para todos os eletrônicos que temos em casa e que estejam conectados à energia elétrica, como os nossos aparelhos celulares”. 

Cíntia lembra que é indispensável envolver toda a família nesse processo. “Pode-se aproveitar este momento para se ensinar aos filhos como funciona o consumo de energia em casa e seus custos, além de trabalhar a questão dos desejos, vontades e sonhos. Pensemos que o jovem da família deseje fazer uma viagem ou queira um videogame. Que se faça um trato de que aquilo que for economizado no valor da conta de luz, bem como de outras contas, será usado para realizar esse desejo, projeto”, comenta. 

Como dica, Cíntia recomenda o acesso ao site das distribuidoras de energia, onde há um simulador de tarifas, pelo qual é possível visualizar o real impacto da redução do consumo no preço final da conta.

O simulador da Enel Distribuidora, que pode ser acessado por este link https://cutt.ly/wmhS5rd, permite perceber a relação direta na economia de consumo e do valor a ser pago conforme o menor tempo de uso de itens como o chuveiro elétrico e a tevê, bem como da mudança de hábitos, como o de consumir mais energia preferencialmente fora do horário de pico, das 18h e 21h, quando o custo por kWh é mais caro. 

A partir da conversa com a especialista e de consultas a instituições do setor energético, o jornal O SÃO PAULO apresenta algumas dicas para reduzir o consumo de energia:

Telefone celular: Se estiver em uma atividade que não demande estar conectado, deixe-o no modo avião. Outra dica é desativar notificações de aplicativos que não são usados com frequência e configurar o uso de bateria para o de menor consumo. Essas ações ajudam a manter a carga da bateria por mais tempo, reduzindo a quantidade de recargas. 

Chuveiro elétrico: Sempre que possível, não o utilize na máxima potência de aquecimento, pois, quanto maior a temperatura, maior o consumo de energia. Outra estratégia é tomar banho em horários em que a temperatura ambiente esteja mais agradável, o que dispensará o uso potência máxima. Banhos demorados devem ser evitados.

Geladeira: Evite abri-la sem necessidade. A dica de Cíntia Senna é que se fixe uma lista do que há em seu interior, acabando, assim, com o abre e fecha para simples conferência. A Aneel recomenda que não se coloquem panelas quentes, nem se forre as prateleiras gradeadas, pois é por meio delas que há a circulação interna de ar frio. Também é preciso atestar que as borrachas das portas estão vendando bem.

Lavar e passar roupas: Acumule as peças a serem lavadas e passe-as de uma só vez. Quanto menos se usar a máquina de lavar e o ferro de passar, menos se consumirá energia. 

Iluminação: As luzes de um ambiente só devem permanecer acesas quando alguém estiver no local. Para aqueles com mais de um ponto de luz, convém optar por interruptores que permitam acioná-los em separado. “Quando ainda não está completamente escuro, é possível utilizar um ponto só, ir otimizando, até se fazer o uso por completo dos pontos. Outra coisa é tentar aproveitar ao máximo a luz natural”, orienta Cíntia Senna.

Foto: Agência Brasil

Eletroeletrônicos em geral: Devem estar ligados apenas quando houver efetivo uso. “Às vezes, há dois ou três ao mesmo tempo, mas só estou prestando atenção em um”, alerta Cíntia. O ideal é que dispositivos de áudio e vídeo só sejam conectados à tomada quando forem ser usados, pois mesmo desligados consomem energia. 

Refrigeração: A Aneel recomenda que, sempre que for possível, se utilize um ventilador em vez do ar-condicionado, que gasta até dez vez mais energia. No entanto, se a opção for pelo uso deste aparelho, a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) orienta que sua temperatura seja mantida entre 23ºC ou 24ºC, pois garantirá o mesmo conforto que se estivesse a 18°C ou 20ºC. A cada grau que se reduz no controle remoto do equipamento, há cerca de 3,5% de aumento no consumo de energia. “Quanto mais quente estiver lá fora, mais esforço a máquina tem que fazer para rejeitar o calor do ambiente e alcançar as temperaturas desejadas, o que pode resultar em cerca de 20% de consumo de energia adicional se você optar por 18ºC ou 20ºC no visor”, alerta a entidade. 

Ambientes coletivos, como as áreas comuns dos condomínios: Toda a fiação elétrica deve ser verificada, para se atestar que não há perdas de energia. Em comum acordo, os condôminos podem estabelecer horários para o acionamento da iluminação das áreas comuns, utilização da piscina com a água aquecida e a frequência de serviços de zeladoria que demandem o uso de equipamentos elétricos. Outra alternativa é a instalação de placas fotovoltáicas para a geração de energia a partir da luz solar. Especialistas do setor calculam que, em até quatro anos, o valor investido nesse sistema seja recompensado com o que se economizará na conta de energia. 

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