Uma grande assembleia da Igreja

Começa no próximo domingo, dia 21 de novembro, a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. A sede será a Cidade do México, mas apenas os convidados especiais e os encarregados da coordenação dos trabalhos estarão no México. Os demais membros dessa Assembleia, que somam mais de mil participantes, estarão espalhados em todos os países do Continente e participarão de maneira remota, pela internet. A abertura e a conclusão serão celebradas na basílica de Nossa Senhora de Guadalupe.

Trata-se de um evento sem precedentes na história da Igreja. Geralmente são os bispos que participam desse tipo de reuniões eclesiais, representando a Igreja de suas dioceses, conferências episcopais e países. Desta vez, haverá bispos, padres, diáconos e religiosos, mas a maioria dos membros da assembleia será composta de leigos. O Papa Francisco, que convocou a assembleia, quis que os leigos participassem em grande número. Será, portanto, uma assembleia “eclesial”, sinal e expressão do conjunto dos membros da Igreja. Todos são importantes no Corpo de Cristo e cada um participa, à sua maneira, da vida e da missão da Igreja (cf. 1Cor 12,12-31).

Para entender o objetivo de semelhante reunião eclesial, é preciso situar-se brevemente na história recente da Igreja, em nosso Continente, onde há a tradição já consolidada das grandes Conferências Gerais do Episcopado da América Latina e do Caribe. Até agora, foram realizadas cinco, conhecidas pelo nome das cidades onde aconteceram: Rio de Janeiro (1951), Medellín (Colômbia, 1968), Puebla (México, 1979), Santo Domingo (República Dominicana, 1991) e Aparecida (2007). Cada uma dessas Conferências Gerais, cujos participantes sempre foram bispos, representando as Conferências Episcopais de seus países, deixou um documento importante, que marcou a vida da Igreja em nosso Continente.

Passados 15 anos da realização da Conferência de Aparecida, o CELAM – Conselho Episcopal Latino-Americano –, pediu que o Papa Francisco convocasse uma nova Conferência Geral. Mas o Papa ponderou que era melhor ainda continuar com as conclusões da Conferência de Aparecida, muito ricas e importantes para a vida e a missão da Igreja em nosso Continente. E pediu que se organizasse um evento eclesial, não apenas episcopal, para avaliar os frutos já produzidos, as lacunas ainda existentes na aplicação do Documento e as novas questões a serem enfrentadas pela evangelização em nosso Continente. Assim, desde o início de 2020, a Assembleia Eclesial começou a ser preparada por uma Comissão encarregada pelo CELAM.

O tema dessa Assembleia Eclesial está estreitamente relacionado com o Documento de Aparecida: “somos todos discípulos missionários em saída”. O discipulado missionário, central na Conferência de Aparecida, reaparece aqui, enriquecido com um novo aspecto convocatório: “em saída”. Francisco, que esteve na Conferência de Aparecida e conhece muito bem o conteúdo e as orientações do documento, insiste na dimensão missionária da Igreja, que não deve ficar voltada sobre si mesma (“auto-referencial”), nem se contentar com uma pastoral de mera conservação daquilo que já conseguiu fazer ao longo de cinco séculos de evangelização. A Igreja precisa tomar nova consciência de si mesma e de sua missão, para não ficar à margem da vida dos povos deste Continente, tornando-se insignificante para eles.

A Assembleia Eclesial começou a ser preparada antes que o Papa chamasse toda a Igreja a fazer um “processo sinodal”, em vista da assembleia do Sínodo dos Bispos em 2023. Pode-se afirmar que a preparação e a realização da Assembleia Eclesial já anteciparam a experiência sinodal, que o Papa agora estende à Igreja do mundo inteiro. Assim, a Igreja em nosso Continente oferece mais uma contribuição importante para a “conversão pastoral e missionária” e para a “experiência sinodal” de toda a Igreja.

O programa da Assembleia Eclesial prevê vários momentos, ao longo da semana, de participação aberta de todos os interessados. O programa está sendo divulgado nas mídias da Igreja. Unamo-nos em oração ao Espírito Santo por essa grande reunião eclesial. E que Nossa Senhora de Guadalupe interceda pelos bons frutos deste evento eclesial importante, que se abre e será concluído no seu Santuário, no México.

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