Outubro é o mês missionário e o tema é “A Igreja é missão”, e, como inspiração bíblica, “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). A Igreja, em sua identidade, é essencialmente missão e missionária, pois não se reduz a uma dimensão ou número de atividades. Neste ano, a Campanha Missionária completa 50 anos de história, e estamos celebrando como “ano jubilar missionário”. Antes de tudo, é preciso ser discípulos missionários de Jesus Cristo, no anúncio e testemunho do Evangelho, e rezar pelas missões e pelos missionários espalhados pelo mundo, sejam ministros ordenados, consagrados ou cristãos leigos.
Para que a Igreja seja missão, e nós sejamos missionários, é preciso se deixar conduzir pelo Espírito Santo. O fundamento da espiritualidade missionária é, antes de tudo, viver na docilidade ao Espírito, deixar-se plasmar interiormente por Ele e se tornar cada vez mais semelhante a Cristo. Sabemos que somente a docilidade ao Espírito nos permite acolher os dons da fortaleza e do discernimento, traços tão essenciais da espiritualidade missionária. Ser missão, como Igreja, não é fácil, os caminhos muitas vezes são árduos, e exige disponibilidade e generosidade. Somente a força do Espírito pode nos fazer testemunhas corajosas e anunciadores convictos da Palavra de Deus. Por isso, ainda hoje é preciso rezar para que Deus nos conceda a sua graça para proclamar a verdade do Evangelho e a luz do Espírito Santo para nos conduzir pelos caminhos da vida e da verdade, pois somente Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Na força do Espírito, podemos viver a comunhão profunda com Cristo, Aquele que foi enviado pelo Pai para evangelizar. O viver e testemunhar a fé em Cristo, a intimidade mais profunda, é por São Paulo assim explicada: “Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus. Ele, existindo em for- ma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas se despojou, assumindo a forma de escravo e se tornando semelhante ao ser humano. E, encontrado em aspecto humano, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de cruz!” (Fl 2,5-8). Este é o grande mistério da encarnação e da redenção, como despojamento total de si mesmo que leva Jesus Cristo a salvar a humanidade, cumprindo a vontade do Pai. A beleza da missionariedade está no despojamento de si mesmo e na abertura de coração, com total disponibilidade, na plena gratuidade, para seguir Jesus e anunciá-lo ao mundo. Rezemos pelos missionários para que, sentindo-se amados e enviados por Deus, experimentem sempre a força reconfortante de Cristo em todos os momentos de sua vida, especialmente nos mais difíceis e dolorosos.
Somos todos chamados a amar a Igreja – nós somos a Igreja que caminha jun- tos – e amar a humanidade como Jesus amou. Uma verdadeira espiritualidade de discípulos missionários se fundamenta na caridade para com todos. Chamados a ser santos, renovemos em nosso coração o ardor pela santidade, base do discipulado missionário. A característica de sermos missão como Igreja é a alegria interior que vem da fé, pois encontramos em Cristo a verdadeira esperança que nos faz amar e servir.