Solenidade de Todos os Santos

Celebrando Todos os Santos e os Fiéis Defuntos, respectivamente, pedimos a intercessão da Igreja que já triunfa no Céu e oferecemos sufrágios pela Igreja que padece no Purgatório. Ao longo de todo o mês de novembro, rezaremos mais do que de costume pelos mortos e faremos visitas às sepulturas dos familiares falecidos. Neste ano, as indulgências do dia 2 foram estendidas para todo o mês. 

Os cemitérios católicos são abençoados e chamados de “campo santo”, pois recebem corpos que abrigaram o Espírito Santo e se alimentaram do Corpo de Cristo. Ali se cumpre a determinação de Deus aos filhos de Adão: “Ao pó haverás de retornar” (Gn 3,19). Os corpos ungidos no Batismo e na Crisma descansam de suas fadigas enquanto aguardam a ressurreição final. Tendo servido a Deus neste mundo, realizam ainda a última missão: recordar aos vivos que a morte nos chamará em breve. Assim, o túmulo dos antepassados, além de lugar de oração, é um importante ponto de referência para quem continua a peregrinar sobre a terra.

A ausência de certos falecidos ainda dói. A de outros passa mais ou menos inadvertidamente… Basta, porém, uma visita à sepultura ou oração, e se reavivam a saudade e a gratidão. Rezar pelos mortos é um dever de justiça que nos recorda que somos o fruto de uma transmissão longa e ininterrupta de vida e de fé. Além de aliviar as penas das almas do Purgatório, essa prática nos faz ver que, na Igreja, somos apenas a “ponta de um iceberg”. A base – uma multidão numerosíssima – permanece escondida, mas realmente unida a nós.

Referindo-se à “tradição” em geral, G. K. Chesterton a definiu como a “democracia dos mortos”. Uma sociedade se reduziria a um punhado de homens arrogantes e desorientados se simplesmente ignorasse as opiniões da população muito maior – e agora silenciosa – que a precedeu e originou. O mesmo aconteceria com os cristãos se nos esquecêssemos de que aqueles que já não estão fisicamente neste mundo ainda fazem, efetivamente, parte da Igreja! Eles intercedem por nós, e esperam nossas orações e sufrágios. O modo como viveram, a fé que professaram, os costumes e tradições que cultivaram são como bússola que nos orienta. 

Uma sociedade desaparece quando perde a ligação com os antepassados. A fé desaparece quando os cristãos se afastam da Tradição, isto é, daquilo que creram e praticaram em todos os lugares e em todos os tempos os nossos “irmãos mais velhos”. Um dos monumentos mais concretos da Tradição é o “sentido” religioso dos fiéis piedosos – como talvez tenham sido alguns de nossos pais e avós –, bem como a vida dos Santos. Além de intercessores, estes são guias seguros da fé e da moral.  

Antes de aderir a alguma moda ou opinião sobre a religião, deveríamos nos perguntar seriamente: O que São Pio de Pietrelcina diria disso? O que Santa Teresa d’Ávila pensaria? O que afirmaram Santo Tomás ou Santo Agostinho sobre este assunto? Olhando para os membros santos do Corpo, pressentimos o rosto de Cristo, que é a Cabeça.  

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