Permanecendo firmes, ganhareis a vida!

Jesus menciona tribulações que acompanham a história e se intensificarão antes da sua segunda vinda: guerras, revoluções, terremotos, fomes, pestes, perseguições à Igreja, ódio crescente e sinais cósmicos (Lc 21,10ss). São Paulo acrescenta que, no fim dos tempos, haverá ainda uma grande apostasia e muitos abandonarão a fé (cf. 2Ts 2,3). Os homens serão seduzidos pela ação do “Iníquo”, que “virá com o poder de satanás e toda espécie de sinais e prodígios enganadores”. Pensarão até em ter algum tipo de “fé”, mas “crerão na mentira e serão julgados por terem se regozijado na iniquidade e não na verdade” (2Ts 2,9.11-12). 

A Escritura alerta sobre essas coisas para que estejamos vigilantes, pois “muitos falsos profetas têm saído pelo mundo” (1Jo 4,1). O Senhor adverte: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu’, ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente!” (Lc 21,8). Segundo São Pedro, esses falsos profetas e mestres se multiplicarão para introduzir “seitas de perdição” destinadas a negar o Senhor. Usarão palavras religiosas e atraentes, mas poderão ser reconhecidos por sua conduta imoral e por negarem a verdade conhecida (cf. 2Pd 2,1-3). 

O anúncio das tribulações, longe de despertar pessimismo, quer nos convidar à perseverança na fé. Jesus afirma que “é permanecendo firmes que ireis ganhar a vida” (Lc 21,19). Obteremos a vida eterna, literalmente, “en tēi hypomonēi hymōn”, isto é, por meio da nossa “paciência”, “firmeza”, “resistência” ou “perseverança”. Esta é, talvez, uma das virtudes que mais nos faltam, devido à carência de outras duas: a coragem e a esperança. 

Perdido o amor ao bem, perdemos também a coragem. O fascínio do bem-estar apaga da alma valores como a honra, a dignidade e o sacrifício. Aburguesamo-nos e, enfraquecidos espiritual e moralmente, tememos tudo o que possa nos retirar o conforto e os prazeres. Esse estado é agravado pela vaidade. O desejo de ser aceito e respeitado por todos pode levar um cristão a se paralisar, tolerando aquilo que sabe ser mau e degradante. Neste estágio, ele se torna incapaz de sofrer e de lutar por algo que sabe ser bom, belo e verdadeiro. 

Além disso, a falta de paciência pode resultar da falta de esperança sobrenatural. “Esperamos” sim, mas não a salvação de Deus. Esperamos as migalhas de uma vida passageira; esperamos que o futuro seja mais benévolo com nossas aspirações materialistas; esperamos as promessas de ideologias e partidos políticos; esperamos a salvação anunciada por líderes populistas – às vezes, claramente anticristãos – na política ou na religião… Temos esperança em tudo, menos em Deus e na ressurreição prometida por Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, é óbvio, frustramo-nos continuamente, e toda adversidade passa a se tornar insuportável, sem sentido e sem fruto. 

Que Ele nos dê coragem, verdadeira esperança, e “que o Senhor dirija os nossos corações para o amor de Deus e para a paciência de Cristo” (2Ts 3,5)! 

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