Com biografias marcadas pela realização de obras de misericórdia, o italiano Bartolo Longo e o venezuelano José Gregorio Hernández Cisneros serão canonizados após a autorização do Papa Francisco, concedida em 24 de fevereiro. A seguir, o jornal O SÃO PAULO apresenta suas biografias e testemunhos de vida cristã.
BARTOLO LONGO E O ROSÁRIO DE POMPEIA

Nascido em uma família católica de Latiano, na Itália, em 1841, Bartolo Longo distanciou-se da fé cristã enquanto cursava a universidade de Direito em Nápoles, época em que aderiu ao espiritismo e ao ocultismo, e perseguiu os católicos. No decorrer dos anos, no entanto, sentiu uma profunda angústia. Procurou, então, o frade dominicano Padre Alberto Radente, que o ajudou no caminho de volta ao catolicismo. Em 1871, Bartolo tornou-se Terciário Dominicano.
No ano seguinte, ao visitar a cidade de Pompeia para prestar serviços jurídicos à condessa Marianna de Fusco, deparou-se com uma igreja em ruínas e com muitas pessoas afastadas da fé. Decidiu, então, restaurar o templo. Em 1875, ele levou a Pompeia uma antiga imagem de Nossa Senhora do Rosário que estava em um convento em Nápoles. Nascia, assim, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, cuja consagração mariana ocorreu em 1891.
“Beato Bartolo Longo, com a sua conversão pessoal, deu testemunho desta força espiritual que transforma o homem interiormente e que o torna capaz de realizar maravilhas, em conformidade com o desígnio de Deus”, disse o Papa Bento XVI em visita ao Santuário em outubro de 2008, quando também recordou, “as numerosas iniciativas de caridade por ele encetadas em prol dos irmãos mais necessitados. Impelido pelo amor, ele foi capaz de projetar uma nova cidade, que sucessivamente nasceu ao redor do Santuário mariano, como se fosse uma irradiação da sua luz de fé e de esperança”.
Bartolo Longo sempre dizia que o Rosário é a “doce corrente que nos liga a Deus” e com seu testemunho de vida inspirou toda a população de Pompeia a rezar o Rosário. Morto em 1926, ele foi beatificado por São João Paulo II em 1980.
JOSÉ CISNEROS: UMA VIDA DEDICADA AO PRÓXIMO

“A caridade foi a estrela polar que orientou a existência de José Gregório: pessoa bondosa e solar, de temperamento alegre, era dotado de notável inteligência; tornou-se médico, professor universitário e cientista. Mas foi, sobretudo, um doutor próximo dos mais frágeis, a ponto de ser conhecido na pátria como ‘o Médico dos pobres’”.
Assim o Papa Francisco sintetizou, na catequese de 13 de setembro de 2023, a vida de José Gregório Hernández Cisneros, nascido em 1864, em Isnotú, na Venezuela. Órfão de mãe des de criança, ele estudou Medicina em Caracas, capital do país, e fez especializações em Paris, na França, e em Berlim, na Alemanha. Ao longo da vida, sentiu o chamado para ser padre, mas suas fragilidades de saúde o impediram de seguir no itinerário formativo para o sacerdócio.
O cuidado com os mais frágeis foi uma marca de sua vida: não cobrava pelas consultas que realizava em pessoas mais pobres e para algumas delas até comprava medicamentos. Em 29 de junho de 1919, ao sair da missa, foi levar medicação a um doente, mas enquanto atravessava uma rua foi atropelado. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital, pronunciando o nome de Nossa Senhora. “O seu caminho terreno conclui-se assim, em uma rua, enquanto realiza uma obra de misericórdia, e em um hospital, onde fizera do seu trabalho uma obra-prima como médico”, disse o Papa Francisco na já referida catequese.
Beatificado em 2021, agora José Cisneros se tornará o primeiro santo nascido em solo venezuelano, uma canonização que será “motivo de esperança para nós, na Venezuela, que estamos vivendo situações difíceis”, comentou, em entrevista ao Vatican News em espanhol, Dom Raúl Biord Castillo, Arcebispo de Caracas.
(Com informações de Vatican News e Church Pop)