Quênia: Bispos se opõem à doação de ‘dinheiro sujo’ à Igreja 

Dom George Nkuo, Bispo de Kumbo, na região noroeste de Camarões, está alertando a Igreja contra o uso de “dinheiro sujo” em doações. 

O Prelado estava reagindo a relatos de uma situação ocorrida no Quênia, de que uma doação de 155 mil dólares do presidente queniano William Ruto para uma igreja local desencadeou protestos. Jovens que lutam contra o alto custo de vida no país protestaram nas ruas. 

“Se alguém dá dinheiro à Igreja para um projeto ou apenas uma doação, a presunção é de que ele foi adquirido de forma justa e honesta, até que se prove o contrário, porque aqui estamos lidando com Deus, que não pode ser enganado ou comprado com ‘dinheiro sujo’”, disse o Bispo. 

A doação de Ruto, no dia 2, causou controvérsia, com uma parte dos 55 milhões de habitantes do Quênia questionando a origem do dinheiro e acusando o presidente de demonstrar tamanha opulência em um país em que aproximadamente 40% das pessoas são consideradas pobres e, portanto, ainda lutam para atender às necessidades básicas, como alimentação, moradia e assistência médica. Além disso, muitos quenianos qualificados que procuram emprego não conseguem encontrá-lo. 

Dom Cleophas Oseso, Bispo de Nakuru, no Quênia alertou que a Igreja não deve ser vista como beneficiária de doações de políticos “enquanto as escolas não têm livros, os hospitais não têm remédios e os médicos e professores não têm salário”. 

“Não sabemos de onde vem a enorme quantia de dinheiro doada às igrejas por políticos e deveríamos estar preocupados”, disse Dom Cleophas. 

No ano passado, a Igreja Católica do Quênia rejeitou uma doação de cerca de 40 mil dólares feita por Ruto. O presidente ofereceu o dinheiro para a construção de uma casa paroquial e como um presente para o coral da Igreja Católica de Soweto na capital, Nairóbi. 

Dom Philip Anyolo, Arcebipo de Nairóbi, rejeitou o dinheiro e ordenou que ele fosse devolvido, citando “preocupações éticas e a necessidade de proteger a Igreja de ser usada para fins políticos”. 

“A Igreja Católica desencoraja fortemente o uso de eventos da igreja, como arrecadações de fundos e reuniões, como plataformas para autopromoção política”, afirmou Dom Philip. Ele disse que tais doações violavam as diretrizes da Igreja.

Fonte: Crux Now

Deixe um comentário