A catástrofe humanitária na Síria permanece, após quase dez anos de guerra, e o país vive atualmente uma “bomba de pobreza” que abateu 80% da população. A mensagem foi transmitida pelo Cardeal Mario Zenari, Núncio Apostólico (embaixador) na Síria, em encontro com o corpo diplomático da Santa Sé, na quinta-feira, 15.
Mais de 380 mil pessoas já morreram desde o início da guerra, de acordo com o Observatório para Direitos Humanos da Síria, entre civis, militares do governo, rebeldes e militares estrangeiros.
Conforme comunicado emitido pelo Vaticano, o Cardeal disse que, atualmente, há uma série de projetos humanitários em realização no país e, por isso, há que “não deixar morrer a esperança”. Segundo ele, o mundo não pode se acostumar com “a ladainha de horrores que todos os dias chega a nós daquela martirizada nação”.
As crianças e os idosos estão entre os que mais sofrem com a pobreza, a ponto de muitos morrerem de frio no inverno. Muitos jovens sírios qualificados profissionalmente deixaram o país. Outro desafio é a repatriação de refugiados, além dos inúmeros desaparecidos e presos, constituindo um complexo cenário social. É preciso recuperar a economia do país e promover a educação.
Citando a encíclica Fratelli tutti, do Papa Francisco, ele acrescentou: “Precisamos fazer crescer a consciência de que hoje ou nos salvamos todos ou ninguém se salva”, e pediu que a comunidade internacional se organize em torno de soluções de longo prazo. O Cardeal Secretário de Estado, Dom Pietro Parolin, também afirmou que a Síria não deve ser abandonada sob um “cobertor de silêncio e indiferença”.
A guerra civil na Síria começou no ano de 2011, com uma série de protestos no mundo árabe contra governos autoritários. Manifestantes e grupos armados se organizaram contra o presidente Bashar al-Assad, que reprimiu opositores violentamente, com a ajuda de forças militares estrangeiras.
O cenário se tornou ainda mais complexo com o aparecimento de terroristas como o Estado Islâmico, contra os quais exércitos e facções inimigas tiveram que se unir. Entre os países envolvidos nos conflitos estão Rússia, Turquia e os Estados Unidos.