Vândalos colocam fogo em igrejas em Santiago, no Chile

“A violência é má, e quem semeia violência consegue destruição, dor e morte. Nunca justifiquemos nenhuma violência”, afirmou o Arcebispo de Santiago, Dom Celestino Aós, ao condenar ações de vandalismo

Reprodução da Internet

No domingo, 18, ocorreram diversas manifestações no Chile para demarcar o primeiro aniversário do início dos protestos no país para pedir mudanças políticas e sociais. Entretanto, apesar do pedido do Presidente Sebastián Piñera para manifestações pacíficias, um parte dos protestos foi extremamente violenta, no que resultou no incêndio de duas igrejas da capital.

A maioria dos manifestantes se reuniu na Praça Itália, no centro de Santiago. À tarde, foram registrados atos de violência de encapuzados, que atacaram a polícia e atearam fogo em veículos blindados. A mídia local afirma que cinco pessoas foram detidas, e cinco policiais feridos.

Entretanto, o maior ato de vandalismo ocorreu na Igreja da Assunção, próxima à Praça Itália. Encapuzados invadiram o templo e nele atearem fogo, com gritos de alegria quando alguma parte da estrutura desmoronava devido ao incêndio. Bombeiros tentaram apagar o fogo e fizeram uma barreira para evitar que a queda da estrutura ferisse alguém.

Depois de alguns minutos, o incêndio consumiu todo a igreja, até que a torre desmoronasse. A Igreja da Assunção era uma das mais antigas da cidade, com mais de 150 anos.

No mesmo dia, outro templo próximo havia já sido atacado pelos encapuzados: a Paróquia São Francisco de Borja, dedicada ao serviço religioso dos policiais. Muitos objetos foram destruídos e queimados, incluindo uma imagem da Virgem Maria. A mesma igreja também sofreu um ataque semelhante em 3 de janeiro deste ano. Entretanto, os policiais e bombeiros, nas duas ocasiões, conseguiram controlar o incêndio e a estrutura do templo não ruiu.

A Paróquia São Francisco de Borja também é uma das mais antigas da cidade e data de 1876. Em novembro de 1975, ele se tornou a paróquia militar dos Carabineiros (policiais) do Chile, e lá ocorrem todas as cerimônias religiosas relacionadas ao militares.

Além das igrejas, uma estação de metrô também foi incendiada pelos vândalos, e pelo menos 300 encapuzados atacaram uma delegacia dos Carabineiros com coquetéis molotov e outros artefatos.

Arcebispo e Conferência Episcopal condenam os ataques

Em um comunicado publicado no mesmo dia dos atos, o Arcebispo de Santiago, Dom Celestino Aós, condenou os ataques às duas igrejas da capital.

“A violência é má, e quem semeia violência consegue destruição, dor e morte. Nunca justifiquemos nenhuma violência”, afirmou o Prelado no início de seu comunicado. O Arcebispo recordou que os mais atingidos pelos protestos violentos são os mais pobres: “Já faz um ano que sofremos um surto de violência que nos causou tanta dor pessoal (…) Custou-nos reconstruir as instalações e exigiu-se dos mais pobres sacrifícios e incômodos constantes; isso tudo fez a sua vida mais penosa”.

A destruição dos templos não impacta apenas a vida dos chilenos, relembrou Dom Aós, mas todos os cristãos do mundo, que se sentem atacados pessoalmente ao verem as cenas caóticas.

O Arcebispo demonstrou empatia com os fiéis de ambas as paróquias e os exortou a não perder a fé nem a esperança, pois “o amor é mais forte”.

Por fim, Dom Aós fez um apelo pedindo o fim da violência no país: “A todos vocês, queridos fiéis de Santiago, a todos vocês queridos chilenos e gente do boa vontade e amante da paz, lhes suplico: basta, basta de violência. Não justifiquemos o injustificável. Deus não quer a violência. Encontraremos uns aos outros para fazer como comunidade de fé atos de desagravo e de reparação”.

A Conferência Episcopal do Chile também condenou os ataques e afirmou que eles demonstram que “hoje não existem limites para aquele que extrapolam a violência”. Os bispos afirmaram que a maioria do país não compactua com os atos de vandalismo e espera, apenas, um país sem “corrupção nem abusos”.

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