Alesp realiza ato solene virtual sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica

A realização desse ato solene já é uma tradição na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

Reprodução

A Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) de 2021 – com o tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14a) – esteve em destaque em sessão solene virtual realizada na noite da segunda-feira, 8, pelas plataformas digitais da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

A realização desse ato solene já é uma tradição na Alesp e desta vez o proponente foi o deputado estadual Paulo Fiorilo. No começo da solenidade, ele ressaltou que neste ano a Campanha está focada na busca de atitudes para o fim das práticas de violência. “É uma campanha pela vida, pela dignidade humana e pela solidariedade”, comentou.

Duas deputadas estaduais também participaram do ato: Damaris Moura, coordenadora da Frente Parlamentar pela Liberdade Religiosa, ressaltou que as práticas “da fraternidade, solidariedade, tolerância e respeito mútuo” são fundamentais para o atual momento da humanidade. Márcia Lia, coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa da Democracia e Direitos Humanos, comentou que a CFE 2021 faz um chamado à ampla superação da violência: “O tema da Campanha e a reação a ela mostram a urgência desse debate e do quão importante é socorrermos as pessoas que estão sendo submetidas a todos os tipos de violência. Que nós possamos, em todas as denominações religiosas, compreender que o momento é de solidariedade, fraternidade e amor ao próximo”.

O diálogo como instrumento de fraternidade

Além dos parlamentares, líderes das Igrejas-membros do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), que organiza as campanhas da fraternidade ecumênicas, as quais ocorrem a cada cinco anos, falaram durante o ato solene.

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, enalteceu a Alesp pela realização da solenidade: “É uma ocasião muito interessante para que nós possamos levar esta reflexão a este âmbito da casa das leis, a casa do povo do estado de São Paulo, onde repercutem as questões de interesse geral da vida de todos”.

O Arcebispo de São Paulo comentou que, de modo geral, as campanhas da fraternidade ecumênicas tratam de assuntos referentes à fé das Igrejas cristãs, lembrou que a fraternidade cresce por meio do diálogo e que, neste ano, a Campanha apresenta questões recorrentes na sociedade, que podem ser superadas pela via do diálogo lúcido e perseverante, como as atuais polarizações na vida política, social, cultural, familiar e nas Igrejas.

“Podemos e devemos dialogar sobre o modo como trabalhar juntos para superar as mazelas que estão presentes na sociedade. Nós, cristãos, temos uma motivação, que é lembrada no lema da Campanha: Cristo é a nossa paz. Não podemos estar em Cristo e estar divididos, agir com violência e radicalismos”, enfatizou.

‘Casa dividida é casa fragilizada’

Também participante da solenidade, o Bispo Francisco Cézar, da Diocese Anglicana de São Paulo, lembrou que as Igrejas cristãs podem contribuir para a busca de uma coexistência fraterna diante de uma sociedade em que há recorrentes discursos de ódio, situações de divisão e conversas que mais se aproximam de monólogos, com cada pessoa reafirmando as próprias convicções. “O diálogo verdadeiro acontece por meio de encontros autênticos. Jesus Cristo teve muitos diálogos autênticos com pessoas da sua própria tradição religiosa e de outras. É por meio desses encontros que se reconhece a diversidade do outro e, com olhar apreciativo, é possível construir pontes”, comentou.

O Pastor Sinodal Marcos Ebeling, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana, comentou que a temática da CFE 2021 chama a atenção sobre quão importante é dialogar para superar as intransigências, ódios e dores, e que quando as Igrejas cristãs o fazem, dão um bom exemplo a toda a sociedade. Ele falou, ainda, sobre os propósitos da Campanha deste ano: “Buscamos dizer a todas as pessoas que não é mais possível dividir o mundo em dois, não é mais possível falar de nós e eles. Casa dividida, nos ensina o Evangelho, é casa fragilizada. Assim, queremos dizer: olhemos todos para Cristo e sua cruz; Dele pende uma esperança de união e unidade; Nele, temos uma referência comum, um ponto de partida e de chegada para a vida de todas as pessoas”.

Conversão

Para o Reverendo Eliel Batista, da Igreja Betesda de São Paulo, a CFE 2021 entrará para a história por trazer “uma resposta que nossa sociedade anseia, que é: chega de violência, chega de destruições, de fome, de injustiça, de discursos religiosos e políticos vazios de sentido e prática”. Ele afirmou, ainda, que a Campanha deste ano faz um grande chamado à conversão, não em uma perspectiva proselitista, mas de mudança de hábitos, com a proposta de superação de uma cultura de ódio e do maior envolvimento, individual e coletivo, nas transformações sociais, econômicas e ecológicas.

A Pastora Eliad Dias dos Santos, da Igreja Metodista, ressaltou as muitas situações de violência contra as mulheres e lembrou que há resistências ao diálogo também no interior das Igrejas. “Dialogar é colocar os achismos nos lugares certos. É o momento de trocar ideias, de aprender a ouvir, mesmo aquilo que nos desagrada”, comentou.

Anita Wright, da Igreja Presbiteriana do Brasil e Vice-Presidente do Conic, exortou os cristãos a construírem pontes de diálogo: “A Campanha da Fraternidade Ecumênica nos convoca para caminharmos em unidade, respeitando a diversidade de cada uma das Igrejas que compõem o Conic. Somos todos chamados a proclamar que Cristo é a nossa paz”, disse, ressaltando, ainda, que todas as pessoas de boa vontade devem pensar, avaliar e identificar caminhos para superar as polarizações e violências.

Um dos mediadores do ato solene, o Cônego José Bizon, Diretor da Casa da Reconciliação, recordou que a atual pandemia escancarou as mazelas sociais que já existiam na sociedade. Ele desejou que, a partir das reflexões apresentadas pela CFE 2021, haja a redescoberta da força e da beleza do diálogo como caminho de relações mais amorosas, bem como se denuncie as diferentes violências praticadas e legitimadas indevidamente em nome de Jesus, haja a defesa da casa comum, promova-se a conversão para uma cultura de amor que supere o ódio, e se possa fortalecer a convivência ecumênica e inter-religiosa.

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

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