Divina Misericórdia: A devoção que surgiu em uma capela na Polônia e se espalhou pelo mundo

O 2º domingo de Páscoa também é conhecido como o Domingo da Divina Misericórdia

Santuário da Divina Misericórdia em Cracóvia

No próximo domingo, 11, a Igreja celebra o Domingo da Misericórdia. Essa comemoração instituída por São João Paulo II no ano 2000, tem relação com uma devoção nascida na Polônia e propagada por uma santa daquele país.

Irmã Faustina Kowalska teve várias experiências místicas que estão escritas em seu diário publicado em vários idiomas. A religiosa faleceu em 1938, aos 33 anos. Logo após sua morte, devido seu testemunho, o Arcebispo de Varsóvia autorizou o culto à Divina Misericórdia. O diário e os demais escritos da religiosa foram enviados para serem analisados pelo Vaticano e a devoção acabou por popularizar-se em toda a Polônia.

Em 1959, essa devoção, por erro de interpretação, acabou por ser suspensa e o diário de Santa Faustina foi colocado entre os livros proibidos. Entretanto, em 1965, o então Arcebispo de Cracóvia, Karol Wojtyla, futuro Papa São João Paulo II, reabriu o processo sobre as visões de Irmã Faustina, dando novas luzes a essa devoção.

No ano de 1978, um decreto do Vaticano reabilitou a devoção à Divina Misericórdia. Irmã Faustina foi beatificada em 1993 e, em 2000, foi canonizada pelo Papa João Paulo II, quando também foi promulgado o decreto que estabelece o 2º domingo de Páscoa como o Domingo da Divina Misericórdia.

SIMPLES, PIEDOSA E ALEGRE

Imagem de Santa Faustina Kowalska em S. Spirito em Sassia

Santa Faustina nasceu na Polônia em 1905, frequentou a escola por pouco tempo, porque foi dada uma ordem que os alunos mais velhos tinham que sair para dar lugar às crianças mais novas. Aos 15 anos, começou a trabalhar como empregada doméstica e sentiu mais fortemente o chamado à vocação religiosa.

Contou esta inquietude a seus pais em várias ocasiões, mas eles se opuseram. Sem se despedir pessoalmente de seus pais, foi para Varsóvia e lá falou com um sacerdote, o qual conseguiu hospedagem na casa de uma paroquiana. Batia à porta de vários conventos, mas era rejeitada.

Foi recebida na Casa Mãe da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia, mas antes teve que trabalhar como doméstica um ano para pagar seu ingresso. Poucas semanas depois, teve a tentação de deixar o convento e teve uma visão na qual Jesus apareceu com seu rosto coberto de chagas afirmando que ali era o seu lugar.

Mais tarde, foi enviada para o noviciado, tomou o hábito religioso e chegou a pronunciar seus primeiros votos e os perpétuos. Entre suas irmãs, serviu como cozinheira, jardineira e até mesmo porteira. Em 5 de outubro de 1938, após longos sofrimentos suportados com grande paciência, partiu para a Casa do Pai.

A esta simples mulher, piedosa, alegre e de caritativa, Jesus apareceu em diversas ocasiões mostrando-lhe o seu infinito amor misericordioso pela humanidade. Da mesma forma, Deus lhe concedeu estigmas ocultos, dons de profecia, revelações e o Terço da Divina Misericórdia.

A REVELEÇÃO DA MISERICÓRDIA

Convento de Łagiewniki, em Cracóvia, hoje santuário, onde morreu e descansa o corpo de Santa Faustina Kowalska

Conta Santa Faustina em seu diário: “À noite, quando me encontrava na minha cela, vi Nosso Senhor vestido de branco. Uma das mãos erguida para a benção, e a outra tocava-lhe a túnica, sobre o peito. Da túnica entreaberta sobre o peito saíam dois grandes raios, um vermelho e o outro pálido”.

“Logo depois, Jesus me disse: Pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: ‘Jesus, eu confio em Vós’. Desejo que esta Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro”.

Jesus assinalou: “Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte”.

Outro dia, estando Santa Faustina em oração, Cristo lhe disse: “Os dois raios representam o Sangue e a Água: o raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas”.

“Ambos os raios jorraram das entranhas da Minha misericórdia quando, na cruz, o Meu coração agonizante foi aberto pela lança. Estes raios defendem as almas da ira do Meu Pai. Feliz aquele que viver à sua sombra, porque não será atingido pelo braço da justiça de Deus”.

JESUS EU CONFIO EM VÓS

Reprodução

Três imagens significativas foram pintadas quando se começou a propagar a devoção à Divina Misericórdia. A primeira é a que se fez segundo indicações de Santa Faustina e pelas mãos de Eugenio Kazimirowski, concluída em 1934.

O segundo quadro foi feito por encargo da Congregação das Irmãs da Mãe de Deus da Misericórdia em 1942 e pelo artista Estanislao Batowski, mas, durante a insurreição de Varsóvia, a capela e a imagem foram consumidas pelo fogo. Em seguida, encomendaram ao artista que pintasse outra para a Capela da Divina Misericórdia em Cracóvia.

Nessa época, o pintor Adolfo Hyla chegou à casa de Cracóvia da Congregação com a proposta de pintar um quadro como voto por ter se salvado na guerra. Deram-lhe um santinho da Divina Misericórdia e as descrições de Santa Faustina. O pintor terminou o quadro em 1943 e foi abençoado na capela pelo Pe. Andrasz, confessor de Faustina.

Mais tarde, chegou a imagem de Batowski, mas somente o quadro de Hyla ficou na capela por recomendação do Cardeal Adan Sapieha, que o escolheu porque tinha sido pintado como voto.

Como o quadro de Hyla não entrava no altar à Misericórdia, na capela, o pintor fez uma imagem menor, que foi abençoada no Segundo Domingo da Páscoa de 1944 também por Pe. Andrasz. Em 1954, o artista repintou a tela, eliminando os prados e matas que havia feito, e colocou um fundo escuro com o chão sob os pés de Jesus.

Esta imagem de Hyla se tornou famosa pelas graças que os fiéis recebiam e a mais difundida pelo mundo. Desta maneira, cumpriu-se o pedido de Jesus a Santa Faustina: “Desejo que esta Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro”.

(Com informações de Vatican News, A12 e acidigital)          

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários