Capital paulista tem baixa procura por vacina bivalente contra a COVID-19

Menos de 30% da população já tomou a dose de reforço, que ajuda a evitar quadros clínicos mais graves no caso de infecção pela doença

Agência Brasil

Disponível desde maio em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) da capital paulista para pessoas a partir dos 18 anos, a vacina Comirnaty bivalente da Pfizer contra a COVID-19 foi aplicada em menos de 30% da população da cidade.

Em 17 de julho, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) divulgou que dos 9,22 milhões de moradores de São Paulo acima dos 18 anos, 2,65 milhões – 28,7% do total – haviam tomado a bivalente, que é dada como dose de reforço contra o vírus Sars-CoV-2 a quem tenha tomado a última vacina há pelo menos quatro meses. Entre os adultos, de 18 a 59 anos, a cobertura vacinal com a bivalente está em 20,2%.

PROTEÇÃO PARA SI E PARA O PRÓXIMO

“Quem não toma a dose de reforço da vacina corre o risco de evoluir para formas graves da doença, pois com o tempo a proteção obtida com a dose anterior vai diminuindo. As doses de reforço estão desenhadas para manter um grau máximo de proteção contra as formas graves, mas precisam ser tomadas no tempo certo. Portanto, quanto maior o intervalo entre as doses, menor a proteção a pessoa terá”, alertou ao O SÃO PAULO o infectologista Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER).

Suleiman ponderou que embora o Sars-CoV-2 aparente mostrar sinais de arrefecimento em comparação ao que foi visto no começo da pandemia, é fundamental que as pessoas continuem a se vacinar para que o vírus “fique restrito ao atual estágio. Se houver baixa no nível de proteções, pode ocorrer a evolução do vírus. Por isso, insistimos que é imprescindível que se mantenha o status vacinal, com níveis altos de anticorpos na população, para que o vírus tenha dificuldade de circular e de sofrer mutações”.

UMA VACINA SEGURA

A vacina Comirnaty bivalente da Pfizer já tem uso autorizado pelas agências de controle de imunizantes da Europa (EMA) e dos Estados Unidos (FDA), e em 24 de julho obteve o registro definitivo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); antes já tinha o registro para uso emergencial.

De acordo com a Anvisa, “vacinas bivalentes conferem maior proteção contra a COVID-19, pois contêm uma mistura de cepas do vírus Sars-CoV-2, sendo a Comirnaty bivalente constituída pela variante original (cepa Wuhan) e uma variante de circulação mais recente (cepa Ômicron)”. Além disso, a fabricante apresentou dados e estudos “que comprovaram a qualidade, a segurança e a eficácia da vacina bivalente quando comparada à versão monovalente (cepa Wuhan), que teve ampla utilização no Brasil”.

Mas apesar de todas estas garantias, ainda circulam informações, especialmente pelas redes sociais, de pessoas que tiveram “fortes reações” após tomar o imunizante.

“Esses relatos surgem nas redes sociais, mas não aparecem nos canais próprios para documentar tais eventos adversos. Eu trabalho fazendo vigilância epidemiológica e quando vejo tais relatos, mando mensagem ao perfil da postagem, perguntando se a situação foi passada às autoridades de saúde, se a pessoa procurou assistência médica, afinal quem passa muito mal por causa de uma vacina não vai ficar sofrendo em casa. Entretanto, nos dados dos serviços de saúde não aparecem esses registros, o que nos leva a concluir que se as reações existiram, não foram tão intensas. Os eventos adversos são raros, incomuns”, assegurou Suleiman.

De acordo com um informe da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) do SUS, a vacina bivalente apresenta os mesmos efeitos adversos leves das vacinas monovalentes, como dor e inchaço no local da aplicação, e, eventualmente, fadiga, febre e dores de cabeça e nas articulações.

MAIS LOCAIS PARA VACINAÇÃO

Questionada pela reportagem sobre como tem agido diante da baixa procura dos munícipes para a dose de reforço com a vacina bivalente, a Secretaria Municipal da Saúde informou que “ampliou de sete para 23 locais as ações de vacinação extramuros nas estações do Metrô, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e em terminais de ônibus, em todas as regiões da cidade, e prorrogou o serviço até o dia 4 de agosto”.

Essa ação começou em 17 de julho e nesses locais são ofertadas as vacinas contra a COVID-19 (pediátrica, adulto e bivalente) e contra a gripe provocada pelo vírus influenza. Esses imunizantes também estão disponíveis de segunda a sexta-feira em todas as UBSs e AMAs Integradas, das 7h às 19h, e aos sábados e feriados nas AMAs/UBSs Integradas, no mesmo horário.

A SMS disse, ainda, que “também divulga constantemente informações oficiais relacionadas à segurança e eficácia dos imunizantes. Além disso, os agentes comunitários de saúde (ACSs) realizam busca ativa e orientam os munícipes a buscarem a vacinação nas UBSs e a manterem suas cadernetas atualizadas”.

VACINAR-SE É UM ATO DE AMOR

“Graças a Deus e ao trabalho de muitos, hoje temos vacinas para nos proteger da COVID-19… Vacinar-se, com vacinas autorizadas pelas autoridades competentes, é um ato de amor. E ajudar a fazer de modo que a maioria das pessoas se vacinem é um ato de amor: amor por si mesmo, amor pelos familiares e amigos, amor por todos os povos”.

(Mensagem do Papa Francisco aos povos da América Latina – agosto de 2021)

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