Aumento é de 198% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram coletadas 9,8 toneladas

O programa Mar sem Lixo, coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), por meio da Fundação Florestal, retirou 29 toneladas de resíduos do mar e de ecossistemas costeiros paulistas nos três primeiros meses de 2025 — um aumento de 198% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram coletadas 9,8 toneladas.
Mais do que um resultado quantitativo, os dados apontam para o fortalecimento da rede de colaboração entre poder público e comunidades tradicionais do litoral. Desde 2024, o programa passou a reconhecer e remunerar também os serviços ambientais prestados por pescadores artesanais durante o período de defeso, com a inclusão da limpeza de manguezais como atividade remunerada por meio do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).
Em 2025, o número de pescadores cadastrados saltou de 200 para 275, e a adesão aos mutirões cresceu significativamente: entre fevereiro e março deste ano, 91 pescadores participaram de 13 ações coletivas, mesmo número de mutirões realizados entre fevereiro e abril de 2024, quando houve apenas 64 participantes.
MANGUEZAIS E ILHAS
A maior parte dos resíduos recolhidos no trimestre — mais de 27 toneladas — veio de mutirões realizados em fevereiro e março, com foco em manguezais e ilhas. O município do Guarujá lidera o volume de material retirado, com mais de 17 toneladas, seguido por Bertioga e Ubatuba.
Já em janeiro, as ações ocorreram durante a pesca com arrasto de camarão, antes do início do defeso. Foi recolhida 1,7 tonelada de resíduos diretamente do mar, com participação de 109 pescadores.
Criado em 2022, o Mar sem Lixo tem como objetivo combater o descarte irregular de resíduos no oceano e em ambientes costeiros, promovendo ao mesmo tempo a inclusão socioeconômica de comunidades tradicionais. O programa atua com base em quatro eixos: o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) aos pescadores artesanais; a realização de ações educativas e de sensibilização junto às comunidades; a produção de dados e informações para subsidiar pesquisas científicas e políticas públicas; e a captação de parcerias e patrocínios para ampliar a escala, o alcance e a sustentabilidade da iniciativa.
No eixo do PSA, os pescadores recebem até R$ 653 mensais, via cartão-alimentação, como reconhecimento pelo serviço ambiental prestado. O apoio à renda familiar é especialmente relevante durante o período do defeso do camarão, entre 28 de janeiro e 30 de abril, quando a pesca está legalmente suspensa. Os participantes atuam em regiões que integram as APAs Marinhas do Litoral Sul, Centro e Norte.
Desde sua criação, o Mar sem Lixo já retirou mais de 60 toneladas de resíduos da costa paulista e se consolida como uma política pública de conservação marinha com resultados consistentes e participação comunitária.
Fonte: Agência SP