
O Papa Francisco passou por uma semana difícil no Hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli, em Roma. Desde sua internação, em 14 de fevereiro, os médicos descreveram seu caso como “complexo” ou “crítico”. Conforme boletins divulgados pelo Vaticano, sendo o mais recente na quarta-feira, 5, sua situação foi estabilizada: “O Santo Padre permaneceu estável hoje, sem nenhum episódio de insuficiência respiratória. Conforme planejado, ele recebeu oxigenoterapia de alto fluxo durante o dia e a ventilação mecânica não invasiva será retomada durante a noite. O Santo Padre intensificou a fisioterapia respiratória e motora ativa”.’
Ainda na quarta-feira, pela manhã, no apartamento particular no 10º andar do hospital, o Santo Padre participou do rito de bênção das Cinzas e, em seguida, recebeu a Eucaristia. Depois, dedicou-se a algumas atividades de trabalho e ligou para a Paróquia Sagrada Família, em Gaza, como tem feito nas últimas semanas.
DIAS DE CRISES MAIS INTENSAS
Recentemente, o Santo Padre superou duas crises bastante graves. A primeira foi na sexta-feira, 28 de fevereiro, quando, após uma manhã alternando fisioterapia respiratória com oração na capela, apresentou crise isolada de broncoespasmo, uma contração excessiva da musculatura que envolve os brônquios, no pulmão. Isso levou a vômitos, que acabaram alcançando o pulmão.
Naquele dia, falou-se em uma “piora súbita do quadro respiratório”, segundo o Vaticano. Desde então, o Papa passou a alternar momentos recebendo somente oxigênio, para ajudar a respirar melhor, e outros com “ventilação mecânica não invasiva”: trata-se de uma máscara que cobre todo o rosto e auxilia o paciente a respirar melhor, sem necessidade de intubação.
Durante o fim de semana, o Papa melhorou e conseguiu passar bem a maior parte do tempo, seguindo os tratamentos. Já na segunda-feira, 3, teve dois episódios de insuficiência respiratória. Passou por duas broncoscopias – procedimento em que uma sonda é inserida no pulmão – com necessidade de aspiração de secreções.
MANUTENÇÃO DE ALGUMAS ATIVIDADES
Em linhas gerais, de acordo com o Vaticano, o Papa tem passado bem as noites, continua com o tratamento medicamentoso e colabora com todos os procedimentos. Os boletins o descrevem como “vigilante e orientado”.
Sempre que possível, ele recebe a Eucaristia, às vezes durante a missa, e realiza momentos de oração pessoal de cerca de 20 minutos. Seu quarto no hospital fica próximo de uma capela privada. Até onde se sabe, ele não tem recebido visitantes externos e somente dois secretários o auxiliam em questões de trabalho.
As nomeações de bispos continuam sendo feitas normalmente, bem comoo trabalho dos dicastérios da Cúria Romana como um todo. Ele tem aprovado as catequeses de quarta-feira, que serviriam para as audiências gerais, e as reflexões do domingo, que normalmente seriam lidas durante a oração do Angelus.
BÊNÇÃO DA FRAGILIDADE
No domingo, 2, Francisco mandou uma dessas mensagens de dentro do hospital: “Irmãs e irmãos, envio-lhes novamente estes pensamentos do hospital, onde, como sabem, estou há vários dias, acompanhado por médicos e profissionais de saúde, a quem agradeço a atenção com que cuidam de mim”.
“Sinto no meu coração a ‘bênção’ que se esconde na fragilidade, porque precisamente nestes momentos aprendemos ainda mais a confiar no Senhor; Ao mesmo tempo, agradeço a Deus porque Ele me dá a oportunidade de compartilhar no corpo e no espírito a condição de tantas pessoas doentes e sofredoras”, escreveu, agradecendo a todos pelas orações, vindas de muitas partes do mundo: “Sinto todo o vosso carinho e a vossa proximidade e, neste momento particular, sinto-me como que ‘carregado’ e apoiado por todo o Povo de Deus. Obrigado a todos!”.
Francisco afirmou que, em sua internação, reza especialmente pela paz. “A partir daqui, a guerra parece ainda mais absurda. Rezamos pela atormentada Ucrânia, pela Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão, Kivu. Confiemo-nos a Maria, nossa Mãe”, disse ele.