Esperanças e desafios do mundo da comunicação marcam o início das peregrinações do Jubileu

Vatican Media

Comunicar é “sair de si mesmo para dar um pouco para o outro”, disse o Papa Francisco no sábado, 25, em audiência com comunicadores católicos de todo o mundo, presentes em Roma para o Jubileu dos Comunicadores. Trata-se da primeira peregrinação oficial organizada em Roma neste Ano Santo. 

“Comunicação é encontro com o outro. Saber comunicar é uma grande sabedoria”, acrescentou ele, falando de improviso aos presentes. Seu discurso preparado não foi pronunciado, mas apenas entregue em sua versão escrita. 

LIBERDADE DE PENSAMENTO E DE EXPRESSÃO 

Em seu texto, o Papa recordou que o Jubileu está sendo celebrado em um momento difícil da história humana, “com o mundo ainda ferido por guerras e violência, pelo derramamento de tanto sangue inocente”. E elogiou o trabalho de muitos jornalistas e profissionais de comunicação que se arriscam para contar a verdade e os “horrores da guerra”. 

Pediu orações pelos jornalistas que “assinam seus serviços com o próprio sangue” e os que são presos ou silenciados pelo simples fato de serem jornalistas. Além das palavras e da imagem, outros instrumentos de trabalho importantes do comunicador são o “estudo e a reflexão, a capacidade de ver e de escutar”, afirma. 

“A informação livre, responsável e correta é um patrimônio de conhecimento, experiência e virtude que deve ser preservado e promovido. Sem isso, corremos o risco de não mais distinguir a verdade da mentira; sem isso, nos expomos a preconceitos e polarizações crescentes que destroem os laços da convivência civil e impedem a reconstrução da fraternidade”, escreveu. 

NARRAR COM O CORAÇÃO 

A capacidade de colocar-se do lado de quem está marginalizado, “de quem não é visto nem escutado” é uma virtude do jornalista, diz Francisco. Citando a mensagem para o Dia Mundial das Comunicações, ele acrescentou que ter coragem quer dizer “ouvir com o coração, falar com o coração, valorizar a sabedoria do coração, compartilhar a esperança do coração”. 

O Pontífice defendeu a necessidade de se promover a educação midiática e o pensamento crítico. “Precisamos de empreendedores corajosos, engenheiros de software corajosos, para que a beleza da comunicação não seja corrompida. Grandes mudanças não podem ser o resultado de uma multidão de mentes adormecidas, mas começam com a comunhão de corações iluminados”, afirma. 

Trabalhar juntos, em rede 

A comunicação católica deve ser sempre animada pela fé e ancorada na oração, afirmou o Santo Padre na segunda-feira, 27, quando recebeu em audiência privada os bispos referenciais e os profissionais de Comunicação das conferências episcopais. 

“A comunicação cristã é para mostrar que o Reino de Deus está próximo: aqui, agora, e é como um milagre que pode ser experimentado por cada pessoa, por cada povo. Um milagre que deve ser contado, oferecendo as chaves para olhar além do banal, além do mal, além dos preconceitos, além dos estereótipos, além de si mesmo. O Reino de Deus está além de nós”, declarou. 

Duas palavras devem orientar o trabalho dos comunicadores católicos: “juntos e rede”. Disse ele: “A comunicação, para nós, não é uma tática, não é uma técnica. Não é repetir frases de efeito ou slogans, nem simplesmente escrever comunicados à imprensa. A comunicação é um ato de amor. Somente um ato de amor livre tece redes do bem. Mas as redes devem ser cuidadas, consertadas, todos os dias. Com paciência e com fé.” 

Nesse sentido, “trabalhar em rede significa colocar habilidades, conhecimentos e contribuições on-line, para poder informar adequadamente e, assim, ser salvo do mar de desespero e desinformação.” 

Domingo da Palavra de Deus 

Outra ocasião para refletir sobre o tema da Comunicação e encerrar o Jubileu dos Comunicadores foi a missa do Domingo da Palavra de Deus, 26, celebrado no terceiro domingo do Tempo Comum. O Papa Francisco falou do Evangelho como “a força do Espírito que age na história”. O anúncio da “Boa Nova” é a lembrança de que Deus visitou seu povo, comentou. 

“Não esqueçamos que o Senhor está próximo, é misericordioso e compassivo. A proximidade, a misericórdia e a compaixão são o estilo de Deus. Ele é assim: misericordioso, próximo, compassivo”, declarou. “Ao realizar a nossa libertação, ele anuncia-nos que Deus se aproxima da nossa pobreza, redime-nos do mal, ilumina os nossos olhos, quebra o jugo das opressões e faz-nos entrar no júbilo de um tempo e de uma história em que Ele se faz presente, para caminhar conosco e nos conduzir à vida eterna.”

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