Papa pede a religiosos que priorizem a evangelização, evitem fofocas e tenham ‘tolerâcia zero’ com abusadores

Pontífice recebeu em audiência os participantes dos capítulos de três congregações

Fotos: Vatican Media

O Papa Francisco recebeu em audiência na quinta-feira, 14, os participantes de três congregações religiosas que estão realizando seus capítulos em Roma: a Ordem Basiliana de São Josafat, a Ordem da Mãe de Deus e Congregação da Missão.

EVANGELIZAÇÃO: CRITÉRIO ESSENCIAL

E foi justamente a experiência capitular o tema do discurso do Santo Padre, que convidou os presentes a “saborearem” este momento que a pandemia impossibilitou durante tanto tempo. De fato, disse o Papa, isso deveria ajudar a não dar como certo o fato de poder se encontrar, confrontar-se olhando nos olhos e, sobretudo, rezar e ouvir juntos a Palavra e compartilhar a Eucaristia.  

O Capítulo, prosseguiu Francisco, é o momento do discernimento comunitário, uma das mais belas e fortes experiências eclesiais. Com a ajuda do Espírito Santo, busca-se ver em que medida foram fiéis ao carisma e que direção seguir. “Se não tem o Espírito num Capítulo, fechem as portas e voltem para casa! O Espírito deve ser quase o protagonista de um Capítulo, disse o Papa.

Para isso, indicou o critério essencial: a evangelização. Isto é, se as escolhas feitas, os métodos, os instrumentos e os estilos de vida são orientados a testemunhar e anunciar o Evangelho. Não obstante os carismas sejam diferentes, todos podem e devem cooperar para a evangelização.

Citando a Evangelii Nutiandi, de São Paulo VI, o Pontífice recordou que a “vocação da Igreja é evangelizar, a alegria da Igreja é evangelizar”.

Este chamado não diz respeito somente ao plano pessoal, como todo batizado, mas também de forma comunitária, com a vida fraterna. “Esta é a via mestra para mostrar a pertença a Cristo”, disse Francisco, reconhecendo, porém, quanto seja difícil. Inconcebível para a mentalidade do mundo, a vida em comunidade requer uma atitude cotidiana de conversão, de colocar-se em discussão e de vigilância sobre as rigidezes.

Mas sobretudo, indicou Francisco, requer humildade e simplicidade de coração. Por não ser “dons naturais”, devem ser pedidos incessantemente a Deus. Não se trata de manter relações de fachada e sorrisos artificiais, mas de viver uma fraternidade livre. Só assim, pode transparecer a verdadeira alegria: “A alegria de ser de Cristo e de sê-lo juntos, com os nossos limites e os nossos pecados. Alegria de ser perdoados por Deus e compartilhar este perdão com os irmãos. Esta alegria não se pode esconder, transparece! E é contagiosa”.

CUIDADO COM AS FOFOCAS

É a alegria dos santos outro elemento importante de uma Congregação. No caso dos capitulares presentes São João Leonardi, São Josafat e São Vicente de Paulo. Estes santos mostram a importância de rezar e trabalhar. Foram evangelizadores, não proselitistas. Do ponto de vista da evangelização, não servem propostas místicas sem compromisso social e missionário, nem práxis sociais e pastorais sem espiritualidade. “Não se nasce fundadores!”, afirmou o Papa. Mas se torna por atração: o santo não atrai para si, mas para o Senhor.

Eis então as palavras-chave: humildade, simplicidade de coração e alegria. “Este é o caminho de uma fraternidade evangelizante. Impossível aos homens, mas não a Deus!” O Papa mais uma vez alertou para as insídias das fofocas, que destroem a alegria comunitária.

UCRÂNIA E ABUSOS

Antes de concluir, Francisco dirigiu seu pensamento à Ucrânia, lugar de origem de São Josafat, membro da Ordem de São Basílio. Neste momento de “dor e martírio” da pátria ucraniana, o Pontífice manifestou a sua solidariedade e a de toda a Igreja. Pediu mais uma vez que não nos habituemos à guerra, afirmando que outro dia viu que a notícia sobre o conflito estava somente na página 9 de um jornal. “Faço votos de que o Senhor tenha compaixão e esteja próximo com o dom da paz.”

Por fim, uma mensagem às três congregações: “Por favor, lembrem-se bem disto: tolerância zero com os abusos contra menores ou pessoas vulneráveis. Tolerância zero”. Este problema não se resolve com a transferência do abusador. Por isso encorajou: “Não tenham vergonha de denunciar”. 

Fonte: Vatican News

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