Andrea Hoffmann, convidada para evento na PUC-SP sobre a feminilidade, comenta a respeito da definição sobre a mulher contemporânea
Mulher, mãe e profissional do Direito em tempo integral. Andrea Fabrino Hoffmann Formiga tem 20 anos de experiência em Direito Público e Relações Governamentais. Como muitas outras mulheres, divide seu dia entre o trabalho e o cuidado com a família e, por isso, é uma das convidadas do evento “Mulher por inteiro: desafios da feminilidade”, que será transmitido nos dias 9, 10 e 11 pela TV PUC, no contexto do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março (veja no cartaz abaixo)
Em conversa com O SÃO PAULO, Andrea falou sobre esses desafios. Enquanto trocava mensagens com a reportagem, a advogada também lidava com a nova situação de lockdown no Distrito Federal, por causa da pandemia, resolvia questões urgentes do trabalho, e, certamente, ainda tinha que dar atenção aos quatro filhos. Um pequeno exemplo do cotidiano que mães e líderes femininas vivem todos os dias.
Se houvesse apenas uma causa pela qual todas as mulheres deveriam batalhar, qual seria? Nas palavras de Andrea Hoffmann, “as mulheres devem se unir pela preservação de sua natureza; a mulher tem que buscar sua essência e trazê-la para o ambiente onde está”.
O QUE DEFINE A MULHER DE HOJE?
Segundo Andrea, o que mais caracteriza a mulher atual é sua forte presença no mundo do trabalho, de forma mais universal do que no passado. “A mulher hoje é mais inserida no mercado formal e tem conquistado maiores papéis de liderança em vários setores da economia”, diz.
“Muitas das mulheres nascidas em uma geração anterior à minha, nos anos 1940, 50 e 60, foram as primeiras a se graduar em ensino superior e a ocupar o mercado de trabalho. Foram as primeiras a sair do lar, mas em papéis que eram tipicamente descritos como ‘da mulher’, como professoras, enfermeiras etc.”
Embora estejam presentes em diversos setores, poucas são aquelas que deixam de lado uma grande parte das tarefas do lar, segundo ela. A mulher de hoje lida com essas responsabilidades simultaneamente, pois “ainda tem que cuidar das mesmas coisas que suas mães cuidavam, como a organização da casa e dos filhos”. Isso sem falar daquelas “que cuidam sozinhas de suas famílias, sem apoio, em uma realidade familiar muito cruel”.
CONCILIAR A FAMÍLIA E A PROFISSÃO
Se a vida é feita de escolhas, na visão de Andrea Hoffmann a mulher deve fazer uma “escolha diária” pelos valores em que acredita. Andrea trabalha com assuntos governamentais e relações estratégicas, especializada em Direito Processual. É, também, sócia-fundadora do escritório Strozzi e Hoffmann Advogados. Portanto, lida diariamente com temas complexos.
O aprendizado na relação com os quatro filhos se reflete também nas atividades do trabalho. “Comento que ganhei uma virtude com cada filho, e uso como soft skills no meu trabalho profissional”, diz ela, que faz chegar aos decisores públicos e políticos muitos elementos dessas experiências.
“Conhecer cada um dos temperamentos dos meus filhos me ajuda a lidar com as pessoas, lidar com 1 milhão de demandas diárias, me faz ter mais flexibilidade, encontrar soluções, ter visão estratégica e muitos outros”, confirma.
Dessa forma, Andrea consegue transmitir os valores recebidos de seus pais, como o “espírito de serviço”, que busca praticar no trabalho e em casa.
RELAÇÃO ENTRE HOMEM E MULHER
Católica, Andrea Hoffmann afirma que coloca diante de Deus os diversos obstáculos que enfrenta no cotidiano, especialmente nos dias mais difíceis. Em sua experiência, participar da Eucaristia e da Reconciliação é crucial para a relação com Deus. “Em um dia em que não marco aquele horário para um trato com Deus, as coisas ficam mais confusas, perturbadas”, diz.
Dessa visão de mundo vem sua observação sobre a complementaridade entre homem e mulher. “É muito nítida”, diz. “Somos completamente diferentes e ainda assim precisamos um do outro.” Falando das relações com o marido, amigos e colegas de trabalho, ela afirma que os homens tendem a “pensar dentro da sua caixinha”, vendo as coisas em partes, enquanto a mulher “muitas vezes consegue reunir tudo e de forma mais rápida e com olhar estratégico”.
Reconhecer essas diferenças, avalia, é o que permite respeitar as limitações do outro, colocando as expectativas no lugar certo e dividindo as tarefas com coerência.
Outro aspecto da complementaridade, observa, se torna nítido nos ambientes predominantemente masculinos. “A mulher pode estar em todos os espaços, inclusive naqueles majoritariamente masculinos, mas não pode se comportar como um homem. Ela tem que continuar se comportando com sua feminilidade e todas as coisas boas que traz para o ambiente e para o trabalho”, acrescenta.
Segundo ela, é preciso “não tentar se igualar ao homem, deixando de priorizar família, filhos”, quando eles estão presentes, pois isso “gera uma frustração enorme ao longo do tempo”. Além disso, as mulheres “não precisam necessariamente estar onde todos estão”, diz.
Embora veja com apreço a ampliação da presença feminina em ambientes públicos, especialmente no Direito, onde aos poucos se tornam maioria, Andrea Hoffmann entende que se “a mulher preferir ficar em casa, cuidar do lar, deve ter sua liberdade respeitada”. Seja no trabalho, seja na vida cotidiana, a mulher tem capacidades para “transformar seus pequenos círculos em um trabalho de formiguinha, com seus próprios talentos”.