‘Não tenhamos medo. A esperança é a nossa coragem! Sejamos semeadores de mudança, de solidariedade e de vida’, escrevem ao povo brasileiro os bispos reunidos na 60a Assembleia Geral da CNBB

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou na quinta-feira, 27, sua mensagem ao povo brasileiro, na véspera do encerramento de sua 60a Assembleia Geral, que será concluída na sexta-feira, 28.
A “Mensagem da CNBB ao povo brasileiro”, datada do dia 28, foi elaborada e aprovada pela quase totalidade dos 326 bispos ativos e parte dos 157 bispos eméritos brasileiros presentes na 60ª Assembleia Geral. Está assinada pelos bispos que compuseram a Presidência no mandato 2019-2023.
A leitura do conteúdo foi feita pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, durante coletiva de imprensa.
AMPLA DEFESA À VIDA
A mensagem é iniciada recordando tudo o que foi vivenciado ao longo da 60a Assembleia Geral da CNBB e com a recordação do firme propósito do episcopado brasileiro em defender a vida, em todas as suas fases e mais variadas circunstâncias.
“Esses dias na casa da Mãe Aparecida foram uma oportunidade para experimentarmos a comunhão a partir da riqueza de nossas diversidades. Quem nos une é Cristo e, por Ele, esperançosos e comprometidos, renovamos nossa opção radical e incondicional com a defesa integral da vida que se manifesta em cada ser humano e em toda a criação”, escrevem o bispos do Brasil.
“A renovação desse compromisso com a vida dá-se num tempo marcado por grandes desafios que, longe de nos desanimarem, estimulam a Igreja na promoção do Reino de Deus. Nossas comunidades estão respondendo, com solidariedade fraterna, às consequências das tragédias socioambientais; com compromisso cidadão na defesa da democracia e, com responsabilidade social, ao drama da fome que nos assola. Com alegria, reconhecemos que esse é o autêntico e eficaz testemunho de que o mundo necessita, à luz da Palavra de Deus, pois não temos ouro nem prata, mas trazemos o que de mais precioso nos foi dado: Jesus Cristo ressuscitado (cf. At. 3,6)”, prossegue a mensagem.
FLAGELOS QUE PREOCUPAM
Na mensagem é feita menção ao que o Papa Francisco tem chamado de “terceira guerra mundial em pedaços”, recordando especialmente o atual conflito em curso no território ucraniano.
“Além do flagelo das guerras, muitas outras situações nos preocupam, como os autoritarismos, as polarizações, as desinformações, as desigualdades estruturais, o racismo, os preconceitos, a corrupção, a banalização do mal e das vidas, as doenças, a drogadição, o tráfico de drogas e pessoas, o analfabetismo, as migrações forçadas, as juventudes com poucas oportunidades, as violências em todas as suas dimensões, o feminicídio, a precarização do trabalho e da renda, as agressões desmedidas à ‘casa comum’, aos povos originários e comunidades tradicionais, a mineração predatória, entre tantas outras, que fragilizam o tecido social e tencionam as relações humanas”.
A ORIGEM DOS POBLEMAS
De acordo com a mensagem, estes e outros problemas “têm origem na opção por um modelo econômico cruel, injusto e desigual. Por trás da palavra ‘mercado’ existe um sistema financeiro e econômico autônomo, que protagoniza ações inescrupulosas, destrói a vida, precariza as políticas públicas, em especial a educação e a saúde, adota juros abusivos que ampliam o abismo social, afeta a cadeia produtiva e reduzo consumo dos bens necessários à maioria do povo brasileiro”.
SOLUÇÃO COMPARTILHADA
“Conclamamos toda a sociedade brasileira a construir um amplo projeto de reconciliação e pacificação, a partir de um diálogo franco e aberto, que possibilite superar o que nos afasta, com o objetivo de assegurar o que nos une: o país, o seu povo e a criação. O ponto de partida dessa construção se dá nas famílias, comunidades, relações sociais, profissionais, eclesiais e políticas, através da amizade social que promove a cultura do encontro. Como comunidade de fé, cremos que sua concretização passa necessariamente pelas nossas orações. Rezemos, pois, como nos pede o Papa Francisco, pelo fim das guerras, dos conflitos e das violências. Somos “caminhantes da mesma carne humana, como filhosdesta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz” (Fratelli Tutti, 8)”.
Por fim, os bispos reafirmam “profunda confiança no povo brasileiro” e exortam”” Não tenhamos medo. A esperança é a nossa coragem! Sejamos semeadores de mudança, de solidariedade e de vida. Pelo amor do Cristo vivo e ressuscitado, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, invocamos a bênção de Deus sobre o povo brasileiro, suas famílias e comunidades”.
(Com informações da CNBB)