Dicas para cultivar a vida espiritual em casa

Cresce entre os católicos a prática da Leitura Orante da Bíblia
(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Não é possível dar um sentido sobrenatural aos desafios e aos sofrimentos sem o cultivo da vida interior, isto é, sem uma intimidade com Deus. Para isso, existem inúmeros meios que alimentam essa vida espiritual, a começar pelos sacramentos, as orações e as práticas de piedade.

No atual contexto da pandemia e do isolamento social, não faltam meios eficazes para a santificação na “Igreja doméstica”. Veja algumas dessas práticas:

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PALAVRA DE DEUS

Para ter intimidade com o Senhor, é preciso conhecê-lo, sobretudo, por meio de sua Palavra. Por isso, recomenda-se a leitura e meditação frequente de, pelo menos, um trecho da Bíblia, em oração. 

Um dos métodos mais conhecidos é a Lectio Divina ou Leitura Orante, que consiste no seguimento de alguns passos: leitura, meditação, oração e contemplação.

COMUNHÃO ESPIRITUAL

A prática da comunhão espiritual não se limita apenas a circunstâncias excepcionais como a atual. A Igreja recomenda que os fiéis a façam sempre que estiverem impossibilitados de comungar sacramentalmente e também ao longo do dia, para manter viva no coração e na mente a graça da última comunhão, além de alimentar a esperança para o próximo encontro com Jesus na Eucaristia.

Existem algumas fórmulas conhecidas de comunhão espiritual que manifestam o desejo de se aproximar do Santíssimo Sacramento.  Por exemplo:

“Eu quisera, Senhor, receber-Vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e o fervor dos Santos.”

TERÇO

Por meio do Terço, é possível meditar os mistérios da vida de Jesus, unido a Nossa Senhora. Além da simples recitação das orações, recomenda-se que, no início de cada mistério, seja lido o trecho da Bíblia correspondente ao que será contemplado.

A oração pode ser concluída com a Ladainha de Nossa Senhora ou alguma antífona mariana.

MEDITAÇÃO DA PAIXÃO

A meditação sobre a Paixão e Morte de Jesus Cristo ocupa um lugar central na vida dos cristãos e é recomendada por diversos santos e doutores da Igreja. Ela pode ser feita a partir da Sagrada Escritura ou de algum livro espiritual sobre o tema. São Pedro de Alcântara indica alguns pontos que ajudam a realizá-la:

1- A grandeza das suas dores, para nos compadecermos delas.

2- A gravidade do nosso pecado, que é a sua causa, para o detestarmos.

3- A grandeza do benefício, para agradecê-Lo.

4- A excelência da Divina bondade e caridade, que se descobre nela, para amá-la.

5- A conveniência do mistério, para se maravilhar dele.

6- E a multidão das virtudes de Cristo, que resplandecem nela, para imitá-las.

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(Reprodução da internet)

VIA-SACRA

Embora seja uma prática de piedade mais comum na Quaresma, a Via-Sacra é recomendada também em outras épocas do ano, especialmente às sextas-feiras, em recordação do caminho de Cristo no Calvário.

Por meio das suas 14 estações, o fiel percorre um itinerário espiritual que o coloca diante do mistério central do Cristianismo. Esta é também uma prática penitencial por meio da qual é possível obter indulgências.

ATOS DE FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE

Ao longo do dia, recomenda-se associar as atividades às virtudes teologais, como forma de oferecer a Deus as circunstâncias da vida. Alguns exemplos:

Fé – Senhor Deus, creio firmemente e confesso todas e cada uma das coisas que a Santa Igreja Católica propõe, porque Vós, ó Deus, revelastes todas essas coisas, Vós, que sois a Eterna Verdade e Sabedoria que não pode enganar nem ser enganada. Nesta fé é minha determinação viver e morrer. Amém.

Esperança – Espero, Senhor Deus, que, pela vossa graça, hei de conseguir a remissão de todos os pecados e, depois desta vida, a felicidade eterna, porque Vós prometestes, Vós que sois infinitamente poderoso, fiel e misericordioso. Nessa esperança é minha determinação viver e morrer. Amém.

Caridade – Senhor Deus, amo-Vos sobre todas as coisas e ao meu próximo por causa de Ti, porque Vós sois o Sumo Bem, infinito e perfeitíssimo, digno de todo amor. Nesta caridade é minha determinação viver e morrer. Amém.

ATO DE CONTRIÇÃO

Por meio do ato de contrição, o cristão expressa a dor e tristeza pelos pecados cometidos. Além de ser recitado durante o sacramento da Reconciliação, o fiel pode recitá-lo quantas vezes for necessário ao longo do dia, invocando a misericórdia de Deus e renovando o propósito de procurar o sacramento o quanto possível.

A contrição pode ser expressa por uma oração espontânea ou por fórmulas já conhecidas. Por exemplo:  

“Meu Deus, eu me arrependo, de todo o coração de todos meus pecados e os detesto, porque pecando não só mereci as penas que justamente estabelecestes, mas principalmente porque Vos ofendi a Vós, sumo bem e digno de ser amado sobre todas as coisas. Por isso, proponho firmemente, com a ajuda da vossa graça, não mais pecar e fugir das ocasiões próximas de pecar. Amém.”

Por meio da Liturgia das Horas, cristãos santificam o dia em comunhão com toda a Igreja
(Reprodução da internet)

LITURGIA DAS HORAS

Considerada na Igreja  a oração comum e obrigatória dos clérigos e consagrados em geral, a Liturgia das Horas consiste no conjunto de orações, salmos, cânticos, leituras e preces recitado ao longo do dia em diferentes horas, compondo o Ofício Divino. Por meio dessa prática, é possível entrar em comunhão com toda a Igreja que recita o mesmo ofício em todo o mundo.

As famílias reunidas em casa, segundo suas possibilidades, podem recitar uma das principais horas do Ofício – Laudes (manhã), Hora média (meio-dia) e Vésperas (tarde). Atualmente, existem aplicativos no celular ou sites pelos quais é possível acessar o textos.

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