Ordenação marca os 20 anos do diaconato permanente na Arquidiocese de São Paulo

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a ordenação de cinco novos diáconos permanentes para a Arquidiocese no sábado, 21. A liturgia, celebrada na Catedral da Sé, aconteceu no contexto das comemorações dos 20 anos da instituição do diaconato permanente na Igreja em São Paulo.

O diaconato é o primeiro grau do sacramento da Ordem – seguido do presbiterato (padres) e do episcopado (bispos). Receberam este ministério os candidatos Durval Bueno, José Mário Garcia Corral, João Gundes de Barros, Marcel Alves Martins e Nelson da Silva.

Na homilia, Dom Odilo afirmou que essa era ocasião de dar graças a Deus por todos os frutos colhidos nas duas décadas de diaconato permanente na Arquidiocese, especialmente pelo trabalho dos formadores e pelo ministério exercido por todos os diáconos ordenados nesse período.

Servidores

Recordando a liturgia da Solenidade de Cristo Rei, o Arcebispo salientou que o reinado de Jesus se manifesta por meio do serviço e sublinhou que os diáconos, de modo particular, são chamados a estarem atentos àqueles que mais necessitam da misericórdia de Deus.

“O serviço diaconal se inspira em Jesus, servidor da humanidade, que nos chamou a imitar o seu exemplo”, acrescentou Dom Odilo, enfatizando que os diáconos são, por vocação, “animadores da caridade”. “Vocês são chamados a praticar as obras de misericórdia em primeira pessoa, mas também a ajudar toda a comunidade eclesial a promovê-las”, reforçou.

Em seguida, Dom Odilo chamou a atenção para as funções próprias do diaconato, descritas no ritual de ordenação. “Fortalecidos com o dom do Espírito Santo, os diáconos deverão ajudar o Bispo e seu presbitério no serviço da Palavra, do altar da caridade, mostrando-se servos de todos”, disse. “Amparados por Deus, procedam de tal modo em seu ministério que possam reconhecê-los como verdadeiros discípulos daquele que não veio para ser servido, mas para servir”, acrescentou.

Diaconato 

O serviço dos diáconos é documentado desde os tempos apostólicos, como relata o livro dos Atos dos Apóstolos (6,1-6) sobre a instituição dos sete homens encarregados do serviço à Palavra, às mesas e aos necessitados.

Diferentemente dos padres e bispos, os diáconos não presidem a Eucaristia (missa), a Reconciliação (Confissão) e a Unção dos Enfermos, mas podem ministrar o sacramento do Batismo, abençoar matrimônios. Além disso, colaboram na formação catequética dos fiéis, no acompanhamento das famílias e na organização dos serviços caritativos da comunidade.

O diaconato foi florescente na Igreja do Ocidente até o século V. Depois, por várias razões, acabou por permanecer como etapa intermediária para os candidatos à ordenação sacerdotal. O Concílio Vaticano II (1962-1965) estabeleceu que o diaconato pudesse ser restaurado como grau próprio e permanente da hierarquia e conferido a homens de idade madura, também casados. Em 1967, o Papa Paulo VI estabeleceu as regras gerais para a restauração do diaconato permanente por meio da carta apostólica Sacrum diaconatus ordinem.

Na Arquidiocese

A Arquidiocese de São Paulo já havia tido a experiência da ordenação do Diácono permanente Aury Azélio Brunetti, em 1972, pelo Cardeal Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo. No entanto, o diaconato permanente não havia sido implantado oficialmente em São Paulo. Em 2011, aos 80 anos, ele foi ordenado Sacerdote, após ficar viúvo.

Durante quase 30 anos, Aury Brunetti foi o único diácono permanente na Arquidiocese e um dos incentivadores para que esse ministério passasse a ser instituído em caráter oficial com uma formação sistematizada. Isso foi feito por Dom Cláudio Hummes, Arcebispo à época, que instituiu a Escola Diaconal em 19 de agosto de 2000.

A primeira grande turma de diáconos permanentes da Arquidiocese, 24 no total, recebeu a ordenação em 4 de dezembro de 2005. Antes disso, entre 2002 e 2005, houve a ordenação de cinco candidatos que já possuíam formação e experiência pastoral para exercerem esse ministério. Atualmente, a Igreja em São Paulo possui 103 diáconos permanentes.

Para ser diácono permanente na Arquidiocese, o candidato deve ter a partir de 35 anos de idade e cinco de vida matrimonial. Durante o período de formação, realizam o curso integrado de Filosofia e Teologia por cinco anos. Ao concluírem o período de estudos, os candidatos realizam mais um ano de vivência pastoral em diferentes âmbitos, como em hospitais, nos cemitérios e no serviço aos mais pobres.

Gratidão

“Estamos aqui, em primeiro lugar, para agradecer a Deus o ministério do diaconato permanente, dom do Espírito Santo para esta Arquidiocese. Pedimos ao Senhor da messe que continue sendo generoso e não se esqueça desta cidade, onde Ele habita, e envie para nós santos diáconos segundo o seu coração e que, por amor, estejam a serviço das necessidades espirituais do povo”, manifestou o Reitor da Escola Diaconal, Padre Fernando José Carneiro Cardoso.

Em nome dos diáconos permanentes da Arquidiocese, o Diácono Marcio José Ribeiro, agradeceu a todos aqueles que fazem parte da história da Escola Diaconal. Dirigindo-se ao Arcebispo, ele ressaltou que Dom Odilo não mede esforços para promover o diaconato permanente. “Sua motivação para atuarmos nos hospitais, cemitérios, casas de caridade dá um impulso maior para que o diaconato verdadeiramente esteja em ação nas três dimensões próprias: serviço da Palavra, do altar e da caridade. Sua confiança no diaconato permanente demonstra o amor para com todos nós!”, manifestou. 

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