O Cardeal Odilo Pedro Scherer realizou no sábado, 5, uma reunião virtual para tratar da participação da Arquidiocese no processo de preparação da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe.
O encontro conectou cerca de 300 pessoas, entre bispos auxiliares, clero, religiosos e leigos membros de pastorais, movimentos e outras organizações eclesiais.

Prevista para acontecer em novembro, na Cidade do México, a Assembleia Eclesial contará com uma etapa preparatória de escuta às Igrejas locais e aos católicos latino-americanos.
Fruto de Aparecida
Dom Odilo, que também é o 1º Vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), explicou que essa Assembleia é um evento novo para a Igreja no continente, mas que é resultado de um caminho iniciado em maio de 2007, com a realização da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em Aparecida (SP).
O Cardeal Scherer recordou, ainda, que as propostas de Aparecida influenciam significativamente o magistério do Papa Francisco que, quando ainda era Arcebispo de Buenos Aires, presidiu a comissão de redação do documento conclusivo. Um exemplo disso é a exortação apostólica Evangelii gaudium (2013), fruto do Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização e a transmissão da fé, presidido pelo Papa Bento XVI em 2012, mas cujo texto foi concluído por seu sucessor.
Passados quase 15 anos da realização da Conferência de Aparecida, era esperada a realização de um novo evento do episcopado latino-americano. Em 2019, durante a assembleia geral do Celam, realizada em Honduras, foi apresentado ao Papa o pedido para a convocação de uma nova assembleia geral.
Proposta do Papa
No início de 2020, o Santo Padre decidiu que iria convocar uma nova conferência do episcopado, sublinhando que a edição de Aparecida ainda tinha muito a contribuir para a Igreja no continente, sobretudo pelo apelo à conversão e renovação pastoral e missionária.
O Pontífice propôs, então, que fosse pensada uma assembleia eclesial, com a participação não apenas de bispos e seus delegados, mas representantes de todo o povo de Deus, clérigos, religiosos e leigos. Assim, foi constituída uma comissão preparatória, coordenada pelo Cardeal Oscar Maradiaga, Arcebispo de Tegucigalpa, em Honduras, e uma equipe de assessores.
O tema definido para a Assembleia Eclesial é “Todos somos discípulos missionários em saída”, conjugando a temática da Conferência de Aparecida e o apelo constante do pontificado do Papa Francisco para uma Igreja “em saída”.
Caminho sinodal
“O Papa sugeriu que fosse feita uma avaliação do que foi realizado desde Aparecida, mas que também sejam identificadas as lacunas do que ainda não caminhou e precisa ser retomado. Além disso, é necessário destacar quais são os novos desafios e questões da Igreja na sua ação evangelizadora no nosso continente e, portanto, propor caminhos e soluções”, ressaltou Dom Odilo, referindo-se ao horizonte de assuntos a serem destacados na assembleia, acrescentando que esse não será apenas um evento de consulta, mas terá grande importância para as futuras indicações pastorais.
O Arcebispo de São Paulo afirmou, ainda, que a proposta dessa assembleia corresponde a outro aspecto bastante frisado pelo Papa: a sinodalidade. “Uma Igreja com características sinodais deve envolver cada vez mais a participação de todo o povo de Deus nas responsabilidades da vida e da missão da Igreja”, salientou Dom Odilo.
Outro aspecto lembrado pelo Cardeal é a insistência do Papa para que seja combatido o “clericalismo”, mentalidade que não acomete apenas os clérigos, mas todos os fiéis em geral, que muitas vezes, compreendem que a Igreja seja uma realidade própria dos bispos e padres, enquanto os leigos são como que “beneficiários” do serviço prestado pela instituição.
“Existe esse tipo de clericalismo de passividade. A Igreja, porém, precisa contar com os dons, carismas e capacidades de todos os batizados. Cada um, segundo a sua vocação própria deve participar da vida e da missão da Igreja. Somos todos chamados a ser operários da vinha do Senhor, membros vivos do corpo de Cristo”, acrescentou o Purpurado.

Na Arquidiocese
Para preparar a Assembleia Eclesial foi definida uma etapa de escuta a todas as Igrejas locais. Por isso, foi desenvolvida uma plataforma digital para que os católicos posam contribuir nesse processo de consulta, seja individualmente, seja organizados em grupos.
Dom Odilo enfatizou que a experiência vivida em São Paulo desde 2018 com o sínodo arquidiocesano será de grande ajuda para a preparação da Assembleia Eclesial, como caminho de comunhão e renovação missionária.
Em seguida, o Padre José Arnaldo Juliano, Teólogo e perito do sínodo arquidiocesano, apresentou o conteúdo do documento da fase preparatória da Assembleia, que segue a metodologia ver-julgar-agir.
O texto convida as Igrejas locais a lançarem a um olhar sobre a realidade social e eclesial no continente, iluminadas pelas conclusões de Aparecida e, em seguida, propor ações concretas para uma atuação pastoral efetiva.
Metodologia
No momento seguinte da reunião, o Padre Tarcísio Marques Mesquita apresentou o guia metodológico dessa etapa de escuta e o passo a passo para a inscrição na plataforma digital e o envio das contribuições.