De pais para filhos: a preparação do Natal e a transmissão da fé no centro da celebração

Montar o presépio e a árvore de natal são tradições mantidas em muitas famílias brasileiras e que proporcionam momentos de encontro entre gerações e renovam o verdadeiro sentido desta época

Walkyria Marta Oliveira, 46, do lar, é casada com Wilson Julio, e mãe do Gabriel, 12, e do Rafael, 6. Ela herdou dos pais o costume de celebrar o Natal em família e faz questão de manter viva essa tradição.

Ao O SÃO PAULO, Walkyria recor­dou a infância: “Lembro-me do meu pai reunindo os cinco filhos para montar o presépio. Era tudo muito simples, hu­milde, bonito e repleto de significado”.

Walkyria contou que o pai era cria­tivo ao montar a cena da natividade de Cristo: “Ele usava plantas, fazia a gruta reaproveitando o que tinha em casa. Em família e na comunidade paroquial, vivíamos a preparação para a vinda de Jesus”, disse ela que é natural de Piumhi (MG) atualmente mora com o esposo e os filhos em Guarulhos (SP).

“Todos os anos, na noite de Natal, vamos à missa e quando chegamos a nossa casa, rezamos o Terço, o papai faz uma reflexão profunda e celebramos o Menino Jesus; afinal, Ele é o centro da celebração do Natal”, mencionou, afir­mando que a família agora aumentou com a chegada dos netos e bisnetos e que todos se reúnem na casa dos pais para a noite e o dia de Natal.

“Este ano vai ser um pouco diferen­te, pois, em agosto, a mamãe foi para o encontro definitivo com Deus, mas estamos certos de que ela estará cele­brando o Natal conosco como todos os anos”, afirmou.

Walkyria ressaltou que aprendeu com os pais José Menino Sobrinho, 88, e Maria Aparecida de Oliveira Menino, o verdadeiro sentido do Natal. “Natal é Jesus. É perdão! É fé! É humildade! É renovação! É vida nova! Natal é famí­lia!”, afirmou, recordando a simplici­dade da vivência do Natal na infância. “Nem sempre tínhamos a mesa com fartura, era o simples. Papai sempre deixava um envelope com uma peque­na quantia em dinheiro como nosso presente de Natal. Nunca nos faltou nada, tínhamos o essencial: o amor e a família reunida em volta da mesa”, salientou.

Em sua casa, Walkyria monta todos os anos a árvore de Natal e o presépio com os filhos. “Mesmo na correria do dia a dia, busco manter essa tradição que aprendi em casa e quero transmiti­-la aos meus filhos. Quero que meus fi­lhos tenham essa experiência do Natal a partir da espiritualidade e da família reunida”, falou.

SIMPLICIDADE E FÉ

Graça Firmino, 44, é pedagoga, esposa do Dalvi Bernardino e mãe da Mariana, 5. Natural de Mineirolândia (CE), ela contou que na infância viveu a simplicidade da fé e da espera do Me­nino Deus. “Nasci no sertão central do Ceará. Somos oito irmãos e, quando meu pai chegava da roça, fazíamos a novena de Natal. Ele contava para nós a história do Natal. Na comunidade, fa­zíamos o presépio vivo, e, assim, apren­díamos a arte, a fé e a religiosidade no seio familiar e comunitário”, disse.

“Busco transmitir essa devoção e fé à minha filha. Montamos todos os anos o presépio em família. Desde os dois anos de idade, a Mariana já sabe rezar a Ave-Maria, a proteção ao Anjo da Guarda, entre outras orações. Ela estuda em um colégio católico e já re­presentou alguns personagens do pre­sépio. Quero que minha filha sinta essa experiência e vivência do verdadeiro sentido do Natal, que é Jesus a partir do lar”, afirmou.

“O presente de Natal é a vida, a saú­de, a família. Natal é Jesus que nasce no coração de cada um de nós. Natal, é ser presença na vida do irmão”, elucidou Graça.

EM FAMÍLIA

Alana Bueno Galvão Cândido, 29, é casada com Luis Felipe, 32, e mãe da Laura, 3, e do Davi, 1 ano. Ela contou que com os pais sempre montavam juntos o presépio, a árvore de Natal e colocavam alguns enfeites pela casa.

“O Natal é uma época significativa para mim, pois sempre foi um momento em família e de espera do Menino Jesus que vem para ressignificar nossa vida e fortalecer a unidade e a fé. Como apren­di em casa, quero repassar aos meus fi­lhos essa espiritualidade”, ressaltou.

Alana mencionou que após seu casamento e a chegada dos filhos, a vivência da fé e a participação na co­munidade se intensificou. “Todos os domingos, vamos à missa em família e participamos de algumas pastorais”, disse.

Em sua casa, Alana montou a árvo­re de Natal e o presépio com o esposo e os filhos. “Eu e meu esposo fomos montando e explicando a nossos filhos o significado de cada peça. Eles acom­panharam com alegria e brilho nos olhos. É a semente da fé sendo semeada no coração deles. A Laura já sabe que o Natal é o nascimento de Jesus que vem para fortalecer a nossa fé”, frisou.

“Natal é família! Natal é Jesus que nasce e renasce em nossos corações! Natal é esperança e união!”, disse Ala­na, ressaltando que no dia 24 parti­cipará com a família da missa e, em seguida, se reunirão para a ceia; e no dia de Natal, participarão da missa e celebrarão a fé, a alegria e a unidade em família.

SENTIDO DO NATAL

Aloma Soares Sampaio, 39, é mãe de Murilo, 20, Lorena, 11, e Laura, 10. À reportagem, ela contou que apren­deu com os pais que o verdadeiro sen­tido do Natal ultrapassa a lógica do comércio; e que nesta época do ano a prioridade é a vivência e preparação para a vinda do Menino Jesus.

“Participar das missas, buscar o sa­cramento da Confissão no Advento e realizar a novena na casa das famílias vizinhas era e continua sendo primor­dial na minha família. Quero manter essa chama viva. Como é bom preparar o coração em sintonia com as pessoas que amamos. O Natal renova e ganha um sentido profundo de fé, espirituali­dade e união”, afirmou.

“Na rotina do dia a dia, tantas coi­sas acontecem. Meu desejo é de paz e amor na minha família e paz no mun­do. Chega de guerras, queremos com a chegada de Jesus Menino a paz no mundo”, finalizou Aloma.