Em Heliópolis, Instituto Velho Amigo é espaço de esperança para pessoas idosas

Em 25 anos de história, entidade já beneficiou mais de 15 mil idosos por meio de programas de assistência, capacitação e inclusão

Instituto Velho Amigo mantém programas de inclusão social, dignidade, capacitação profissional, autonomia, saúde e bem-estar aos idosos
Fotos: Instituto Velho Amigo/Divulgação

As tardes de Maria Castro de Sousa, 62, natural de Canindé (CE) e moradora de Heliópolis há 42 anos, mudaram. Há um ano, ela frequenta o Instituto Velho Amigo, onde fez novos amigos e ampliou seus conhecimentos.

“O Instituto abre portas às pessoas idosas. Participo do curso Conecta Aí, que tem por objetivo a inclusão dos idosos no mundo digital. Participei de oficinas de letramento. O emocional melhora, a alegria de viver revigora e me sinto valorizada e incluída, pois independentemente da idade, posso aprender coisas novas”, disse Maria Castro à reportagem.

Localizado em Heliópolis, zona Sul da capital, na Estrada das Lágrimas, 2.385, o Instituto Velho Amigo, fundado há 25 anos, é uma organização sem fins lucrativos, que já beneficiou mais de 15 mil idosos por meio de programas de assistência, inclusão e capacitação.

Atualmente, assim como Maria Castro, outros 240 idosos são atendidos em programas voltados à inclusão, dignidade, capacitação, autonomia, convivência, saúde e bem-estar.

Na comunidade de Heliópolis, segundo levantamento do Instituto Velho Amigo, mais de 4 mil idosos estão em vulnerabilidade social, vivenciando situações de abandono, fragilidade com os vínculos familiares e realidades de violência. A Comunidade lidera o ranking com maior vulnerabilidade social e concentração de idosos na grande São Paulo.

CAMPO DE ATUAÇÃO

O Instituto Velho Amigo iniciou atividades em 1999, após as fundadoras – Maria Regina Ermírio de Moraes (presidente) e Regina Helena de Mello Helou (vice-presidente) – terem arrecadado doações financeiras e de materiais para um lar de idosos.

“Durante a visita a esse lar beneficiado, elas perceberam a importância destas ações para a qualidade de vida dos idosos em situação de vulnerabilidade e, assim, nasceu o Velho Amigo, com a proposta de ser uma ponte de apoio e fortalecimento das instituições para idosos de longa permanência. Com o passar do tempo, foram percebendo que a questão assistencial, por si só, não era suficiente e, em 2019, nasceu o Projeto Velho Amigo, hoje Instituto Velho Amigo”, afirmou Amanda Suelen Borges da Silva, 31, supervisora pedagógica.

Segundo Amanda, o Instituto conta com 40 projetos de educação e convivência, entre estes a Alfabetização e Letramento, Educação Financeira, e Café e Leitura.

“Nosso intuito é proporcionar à pessoa idosa oportunidades e espaço na sociedade. O projeto Conecta Aí, por meio da oficina de Letramento Digital, por exemplo, proporciona aos idosos uma sensação de inclusão muito grande. Eles ficam felizes e gratos ao aprender a escrever, a saber mexer nas redes sociais ou no aplicativo de banco no celular”, disse Amanda.

“A pessoa idosa chega até nós com uma situação de fragilidade e buscamos a melhor forma para encaminhá-la a um bom atendimento de saúde na rede pública mais próxima; em caso de empréstimos consignados, oferecemos uma orientação jurídica; em caso de violência doméstica, fazemos orientação e acompanhamento familiar. Nossa missão é promover um envelhecimento saudável com autonomia, dignidade e integração em um ambiente acolhedor”, destacou a supervisora pedagógica do Instituto.

Maria Lucia da Costa Portela, 64, é natural de Campo Maior (PI) e, por indicação de um amigo, participa há oito meses do programa de alfabetização e do curso de Artesanato. “Quando criança, precisei trabalhar e não pude estudar. Agora, posso realizar este que sempre foi um sonho: estudar”, disse à reportagem. “Aqui estou ressignificando minha vida. Aprendi crochê, pintura em pano de prato, dicas e cuidado com a saúde, educação financeira e muito mais. Nossa velhice aqui é mais suave”, complementou.

PROTAGONISMO

Com o intuito de garantir longevidade e envelhecimento saudável para idosos em situação de vulnerabilidade social, o Instituto trabalha em três linhas de atuação: o Núcleo de Convivência, o programa Revitaliza e o Advocacy.

“Nesses três eixos, buscamos incluir os idosos e oferecer qualidade de vida. Por meio do Núcleo de Convivência, desenvolvemos aulas como inclusão digital, alfabetização, condicionamento físico, ioga, canto e dança, visando sempre à integração, à qualidade de vida e ao envelhecimento saudável. O projeto Revitaliza apoia, atualmente, Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI’s), Centros de Acolhida Especial para a Pessoa Idosa (CAEIS) e oferece formação, aperfeiçoamento e capacitação para as equipes técnicas e profissionais envolvidos no dia a dia dessas instituições; e o Advocacy oferece ajuda jurídica. É um caminho que proporciona dignidade à pessoa idosa”, destacou Débora Santos de Conti, diretora-executiva do Instituto Velho Amigo.

Segundo Débora, entre os desafios e sonhos do Instituto estão a autonomia de atuar em um espaço próprio e ampliar a demanda de atendimentos. “Hoje, estamos sediados em um espaço do CEU Heliópolis Professora Arlete Persolvi, mas nosso sonho é ter uma sede própria, ampliar os atendimentos e zerar a fila de espera”, finalizou.

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OS IDOSOS NO BRASIL

  • 10,9% dos brasileiros têm 65 anos de idade ou mais;
  • Estão nesta faixa etária 22,2 milhões de brasileiros. Em 2010, havia no país 14 milhões de pessoas nesta faixa de idade, conforme dados do Censo do IBGE;
  • Já a população idosa como um todo – que engloba todas as pessoas com 60 anos ou mais – é de 32,1 milhões de pessoas (15,6% da população do Brasil).
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