Visita do Papa a Veneza é expressão de encontro por meio da cultura e da fé

Foram cinco horas intensas de visita a uma das cidades mais bonitas e emblemáticas do mundo: Veneza, a grande vila onde se circula em barcos em vez de carros, em pontes em vez de estradas. Veneza é um “lugar de encontro e trocas culturais”, disse o Papa Francisco no domingo, 28 de abril. É também “uma terra que faz irmãos” e pode ser um símbolo de “beleza acessível a todos, a partir dos últimos”. Os canais de Veneza representam a unidade e a proximidade, refletiu ele.

Fotos: Vatican Media

O motivo principal da visita do Papa a Veneza foi a inauguração do pavilhão da Santa Sé na Bienal de Artes. A Bienal, como o próximo nome diz, é uma exposição internacional de arte que ocorre a cada dois anos.

Na Bienal, diferentes países e instituições montam um “pavilhão”, que é uma mostra artística temática aber- ta, em algum ponto da cidade-sede. Esta é a terceira vez que a Santa Sé apresenta um pavilhão na Bienal – as anteriores foram em 2013 e 2015.

O Cardeal José Tolentino de Mendonça é o responsável pela mostra da Santa Sé, que neste ano foi montada em uma prisão feminina de Veneza, a qual o Papa visitou no domingo. A exposição foi dedicada aos direitos humanos e ao tema da marginalização. Toda a Bienal, porventura, foi curada pelo brasileiro Adriano Pedrosa, diretor do MASP, em São Paulo.

MOMENTOS CENTRAIS

Durante sua passagem por Veneza, o Papa, além da celebração da Eucaristia, reuniu-se com as cerca de 80 detentas da prisão onde foi montada a instalação da Bienal, dialogou com artistas na capela da prisão (Igreja da Madalena) e com os jovens em uma praça veneziana.

Às presas, ele disse que embora o cárcere seja uma situação de sofrimento, pode ser também oportunidade de redenção. “A reclusão pode ser o início de algo novo”, afirmou. “Todos temos erros a serem perdoados. É preciso não fechar as janelas para o futuro”, disse.

Aos artistas, ele afirmou que a arte é capaz de unir os povos. Ela nos “educa” a ter um olhar aberto para o outro, o diferente, os pobres, um olhar “contemplativo” e não superficial, definiu, expressando, ainda, que a arte de hoje deve se concentrar nas expressões femininas, “coprotagonistas da aventura humana”.

Francisco convidou os jovens a abrir-se às “surpresas de Deus”. Como Veneza, somos todos “belos e delicados ao mesmo tempo”, disse. Deus, portanto, nos compreende assim, como “uma fragilidade a ser cuidada”. Não se concentra nos nossos erros e nos ajuda a “estar em pé” e a ser, também nós, “criadores de beleza”.

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