‘O jornalismo é feito de testemunho e, para isso, é preciso andar, estar presente’

Márcio Campos, durante cobertura do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), em 2019 (arquivo pessoal)

Para concluir a série sobre o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no domingo, 16, O SÃO PAULO e a rádio 9 de Julho entrevistaram o jornalista Márcio Campos, repórter e apresentador do Grupo Bandeirantes de Comunicação.

Campos comentou o tema da mensagem do Papa Francisco para ocasião, cujo tema é “‘Vem e verás’ (Jo 1, 46) Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”.

“O jornalismo é feito de testemunho e, para isso, é preciso andar, estar presente. Um dos momentos mais ricos do jornalismo é quando o repórter ouve o povo. Mais importante do que falar e escrever é ver, escutar e ser coerente e preciso na hora de transmitir a mensagem captada nessa experiência”, destacou o comunicador.

Encontro com o Papa

Das coberturas marcantes de sua vida, Márcio Campos destacou a visita do Papa Francisco ao Brasil, em 2013, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Ele foi um dos profissionais brasileiros a bordo do voo papal e teve a oportunidade e saudar o Pontífice.

Para o profissional, seu encontro com foi além de um momento entre um jornalista e uma personalidade pública, mas entre um católico e seu líder espiritual. “Ali, o repórter se misturou ao cristão e pude ser simplesmente eu, deixando o sentimento prevalecer, pois somos feitos de carne e osso também”.

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Responsabilidade

Campos também refletiu sobre o fenômeno da informação “pré-fabricada”, observado pelo Papa na mensagem. “Hoje, está muito fácil reproduzir e replicar a informação. Isso é muito perigoso e, muitas vezes, reverbera algo de um site que diz jornalístico, mas não é, não há a responsabilidade do jornalismo profissional de pegar uma informação e checá-la”, disse.

O jornalista da Band acrescentou que a mensagem também é transmitida por gestos e olhares e, por isso, o confronto pessoal com as realidades permite que as informações sejam captadas com maior profundidade e verdade.

“Hoje, já existem tecnologias que escrevem aquilo que falamos. Mas jamais teremos robôs que, por exemplo, ocupe o lugar do jornalista, pois somos humanos, temos coração e isso vai prevalecer. A máquina não sente o olhar, sentimentos e gestos”.

“A rua nos dá a possibilidade  de transmitir e receber amor no sentido mais amplo da palavra, como nos ensinou São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas: ‘tudo o que se faz por amor é amor’”, completou Campos.  

Márcio Campos é jornalista do Grupo Bandeirantes há mais de 20 anos (arquivo pessoal)

Vocação

Por fim, Márcio Campos compartilhou que descobriu sua vocação para o jornalismo quando participava dos grupos de jovens católicos que participava na cidade Cruzeiro (SP).

“Nos intervalos dos nossos encontros, eu brincava de repórter… Um amigo fez uma filmadora de madeira e eu pegava um martelo de bater bife e simulava ser um microfone. Assim eu me despertei para jornalismo, brincando se ser repórter, para distrair os colegas”, contou.

Ouça a íntegra da entrevista

Entrevista concedida a Cleide Barbosa – Edição do texto: Fernando Geronazzo

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